10 abril 2014

PORTUGAL À PRIMEIRA VISTA (2)

Como uma outra fotografia de Stanley Kubrick que já aqui comentei, também esta de Robert Kalman que encontrei no meio de um conjunto sortido tem uma luminosidade e uns adereços que nos são instintivamente familiares, que vão do empedrado da calçada ao formato do pilarete que impede o estacionamento dos automóveis, e cujas dúvidas sobre a origem se esclarecem nos dizeres pintados na parede onde se lê um enigmático-anárquico O rei morreu! Vivam os regicidas! As paredes de grandes blocos de calcário deixam adivinhar um qualquer monumento (uma igreja?) multisecular do Sul do país. A escolha do local de pose da modelo (que sabemos chamar-se Irene e ter 34 anos) mostra tanto a sensibilidade estética do fotógrafo quanto a sua ignorância da sociologia local. Ali, naquele recanto onde a Irene se encosta – qualquer nativo os esclareceria disso... – haverá certamente um historial tão antigo quanto o do monumento – se calhar precedendo-o, ainda do tempo da construção... – de tão furtivas quanto aliviadas mijadelas.

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