09 abril 2014

DOIS PORTUGAIS

um Portugal dos que aparecem nos ecrãs e que terá perdido um dos seus este fim de semana com a morte de Manuel Forjaz (acima, ao lado de Ricardo Araújo Pereira). Foram imensas e sentidas as expressões de pesar dos famosos da pantalha na comunicação social tradicional, a ponto de mesmo quem não fazia a mínima ideia de quem ele fosse, como era o meu caso, o terem descoberto depois da sua morte. E há um outro Portugal em nome do qual o Portugal inicial se produz para televisão. É esse outro Portugal o protagonista da reportagem que aparece abaixo, transmitida há cerca de ano e meio pela SIC Notícias, onde se encadeiam os lesados pelos expedientes da actividade empresarial do defunto. É uma reportagem que, ao contrário dos depoimentos de José Alberto Carvalho ou de Tânia Ribas de Oliveira, só apareceu na comunicação social alternativa, a do You Tube. As reclamações são por dívidas bem pequenas, de centenas, no máximo poucos milhares de euros, os que as torna ainda mais pungentes pela importância que assumem para os credores. À reportagem nem lhe falta a clássica ausência do protagonista responsável (que se percebeu no outro episódio como era pessoa que até gostava de aparecer nos ecrãs…), substituído por uma advogada de uma desfaçatez inaudita, recordando porque a profissão tem a péssima reputação que tem.

Passando adiante o mau gosto daquilo que creio não ter passado de uma espécie de reality show que teve por tema central a previsível morte do protagonista, mandaria a etiqueta não criticar o defunto, mas mandaria também a justiça e o bom senso não o elogiar pelo empreendedorismo (palavra tanto na moda), enquanto se omitia os calotes que foi pregando. Evoco o episódio apenas como uma manifestação corriqueira da justificação por que o segundo Portugal está inabalavelmente convencido que a Justiça não é a mesma para os dois Portugais

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