Numa das últimas entrevistas concedidas pelo recém falecido actor José Wilker (1947-2014) ele fez uma interessante menção à forma como se apercebeu da popularidade em Portugal da novela que ele protagonizava como Roque Santeiro: Um dia eu estava no hotel e tocou o telefone bem cedo: «Aqui é da parte do primeiro-ministro de Portugal. Gostaria de saber como vai acabar a novela». Na verdade, noutras ocasiões Wilker havia já contado esta mesma história embora com um detalhe superior, especificando que foi o próprio primeiro-ministro a falar directamente consigo e tornando o pedido muito mais cuidadoso, deferente até. Vale a pena agora adivinhar quem era o primeiro-ministro português na altura em que a RTP transmitiu Roque Santeiro, o autor desta iniciativa de um certo plebeismo chineleiro. Só para ajudar o leitor, refira-se que à época ele se anunciava como um apolítico que ocupava pontualmente um cargo político e que actualmente, depois de essa pretensão de ser apolítico se ter tornado ridícula, ocupa outro cargo político, 27 anos depois.
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