Será provavelmente apócrifa a citação que se atribui a Robert Walpole (1676-1745), chefe do governo britânico de 1721 a 1742, em que este, referindo-se aos seus adversários políticos no parlamento, disse que todos aqueles homens tinham o seu preço. Mas, mesmo que a frase tivesse sido verdadeira, não terá sido por causa desses cinismos eruditos e antigos que nos quase três séculos que se seguiram até à actualidade se formou e consolidou nas opiniões públicas das sociedades modernas a imagem de venalidade e de oportunismo dos parlamentares quando em busca da distribuição de prebendas ou do reconhecimento agradecido de um chefe, como simbolizado pela fotografia acima (de Josef Hoflehner).
Ocorrem por vezes epifenómenos mais notórios, como foi o caso recente do deputado Luís Montenegro do PSD e a sua constatação de que a Vida das pessoas não está melhor mas a do país está muito melhor. Tal como os cisnes, os parlamentares são animais esteticamente bonitos e precisam de ser alimentados a côdeas de pão mas não são bichos nem muito espertos nem muito cultivados: esta ideia de dissociar o bem da pátria do benefício das pessoas que a constituem já é criticada há mais de 200 anos, vem ainda do tempo da França napoleónica, quando o lema era para maior glória de França e os resmungos mordazes e em surdina de um povo exangue completavam: …e a desgraça dos franceses.
É por isso que, numa percentagem muito elevada, quando vemos o que votámos para a Assembleia só nos resta uma certeza: são "para lamentares"...
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