14 abril 2014

COMO OS VOTOS DE MUITAS FELICIDADES...

Ter aqui mencionado por mais uma vez Vítor Gaspar e a sua inesquecível passagem de dois anos pela pasta das Finanças, fez-me recuperar alguns dos votos de confiança que então lhe foram endereçados por quem, suspeito, hoje terá o desejo que esses episódios não venham a ser recordados com muita vivacidade. É precisamente por isso que aqui o faço. Porque a aparência daqueles momentos me parece eivada daquela hipocrisia de quem deseja muitas felicidades aos noivos especulando intimamente quantos anos é que durará o casamento…
Vítor Bento, José da Silva Lopes (felizmente ainda recebia três pensões), Faria de Oliveira e Guilherme de Oliveira Martins
Vítor Bento (outra vez, que este, em elogios, será dos que gostam de Vítor Gaspar a valer!), Medina Carreira (seria desta que se ia fazer como ele andava a mostrar nos gráficos da TV há vários anos?),… Bagão Félix e Manuela Ferreira Leite (muito antes de manifestos e de reestruturações).

Recorde-se que Vítor Gaspar herdou um défice orçamental que se cifrava em 8,3% do PIB no primeiro semestre de 2011 e que, depois do famoso brutal aumento de impostos, ele apenas o reduzira para 7,1% dois anos depois, no primeiro semestre de 2013¹, quando se demitiu. A prioridade de uma política tão obtusa às consequências sociais pareceu justificar-se pela prioridade concedida à contenção do crescimento da dívida pública que, prevista originalmente para atingir um máximo de 115,7% do PIB em 2013 e começar a baixar nos anos seguintes, se cifrou afinal em 129,4%. Se isto não é uma passagem memorável pela pasta das Finanças, não sei o que será então uma passagem memorável pela pasta das Finanças.

¹ Para comparação, refira-se que o défice legado por Bagão Félix a Teixeira dos Santos em Maio de 2005, aquele anunciado por Vítor Constâncio e que tanta celeuma ainda hoje causa, era de 6,83%.

3 comentários:

  1. Memorável não será, mas comemorável, depois do reconhecimento do seu trabalho pelo F.M.I., podemos ter a certeza que é!!!

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  2. Na comparação de défices, é sempre aconselhável um trabalho prévio de igualização dos perímetros orçamentais(atendendo a tudo aquilo que não era considerado como pertencendo ao perímetro e passou a ser), além da soma de dívidas que só ainda o não são (ou não eram) por permanecerem por contabilizar...
    Isto para já não falar no efeito de "inércia" dos acentuados movimentos de subida ou descida que, como é óbvio, não permite inversões totais e imediatas (as alterações fazem-se em "curva" e não em "V".

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  3. Eu suponho que o INE (organismo responsável pela produção dos dois valores, o de 2011 e o de 2013, vejam-se os links) deverá ter tido as cautelas preconizadas pelo comentador. A reputação do Instituto costuma ser tida por aceitável.

    Já não posso afiançar o mesmo sobre o valor de 2005, mas aí, quando as críticas incidiram sobre Bagão Félix, não se chegou a produzir o mesmo género de literatura explicativa e justificadora como agora tem acontecido com Vítor Gaspar.

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