INDIGNAÇÃO SEM INVESTIGAÇÃO

No meio das ondas de indignação provocadas pelo encerramento abrupto da empresa pública grega de rádio e televisão (ERT), quase todas as notícias que li mencionavam os cerca de 2.700 trabalhadores que se viam subitamente despedidos, mas curiosamente nenhuma delas se inquiria e nos esclarecia sobre a razoabilidade de tal contingente. Quase uma semana depois, cansado da espera, dispus-me a consultar o último Relatório e Contas da RTP disponível na internet: o de 2011. Fiquei a saber que a nossa emissora pública tivera nesse ano uma média de efectivos de 2.183 trabalhadores (p. 160) e que os reduzira em 9,5% em relação ao ano anterior (2.412). Por isso, mesmo desconhecendo com rigor quais serão os efectivos actuais da RTP será razoável assumir que a Empresa grega terá cerca de 25% de trabalhadores a mais do que a sua homóloga portuguesa. Eu bem sei que este género de informação pode parecer irrelevante e não é o mais adequado para reforçar o teor ultrajado das reacções à notícia mas, já que se adiantaram números, conviria que os jornalistas os explorassem com alguma objectividade, deixem para lá as explicações para o comportamento bizarro do governo de Samaras...