
Embora as biografias que a isso se referem sejam unânimes em qualificar de deplorável a higiene pessoal de Mao Zedong, também é verdade que existe um igual consenso na referência ao seu gosto pelo banho, pela natação e pelas actividades aquáticas. Ficou famosa a sua travessia a nado do
Rio Yangtzé – já por mim
aqui referida neste blogue – durante a Revolução Cultural (1966). Descrita em termos hiperbólicos, não se tratou, porém, da primeira vez que o
Grande Timoneiro terá utilizado as suas
habilidades aquáticas como
arma de arremesso contra os seus adversários políticos. Para isso, é preciso recuar cerca de oito anos, até aos preliminares do que viria a ser a grande
cisão sino-soviética… Para a obstar,
o líder soviético Nikita Khrushchev esteve por duas vezes (1958 e 1959) em visita à China (abaixo, uma das recepções no aeroporto com os líderes soviético e chinês e ainda
Liu Shaoqi, o Presidente da China, mais à direita).

Mas a atitude de Mao como anfitrião não foi nada apaziguadora. Tendo-se apercebido que o seu homólogo soviético – cujas
raízes camponesas provinham da
Rússia mais profunda – não sabia nadar, recebeu-o, num dos seus encontros mais
cordialmente informais, na sua residência de
Zhongnanhai de roupão, toalha e chinelos, junto à piscina… O
intempestivo Khrushchev teve que se resignar a entrar naquela
coreografia armadilhada, mas por pouco tempo e no lado da piscina onde havia pé… Depois deixou-se ficar à borda da piscina enquanto o seu anfitrião fazia uma demonstração da sua
superioridade socialista usando os vários estilos de natação -
crawl,
costas,
bruços. Embora razoavelmente conhecido, não encontrei imagens do episódio na
internet, por isso resolvi substituí-las por uma outra fotografia, também em
actividades aquáticas, de
Leonid Brejnev (sucessor de Khrushchev), que penso que se enquadrará perfeitamente no espírito dessa
tradicional relação da Rússia com o Mar e as actividades aquáticas...

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