Os assassinatos e as tentativas de assassinato de altos dirigentes políticos foram assuntos a que a comunicação social sempre deu atenção. Claro que essa atenção dependia da importância do alvo e do grau de sucesso do atentado mas os episódios de John F. Kennedy em Dallas em 1963 ou de João Paulo II em Roma em 1981 ainda hoje podem ser recordados de memória por quem na época os acompanhou. Os nomes dos dois autores, Lee Harvey Oswald e Mehemet Ali Agca são facilmente reconhecíveis. Até o nome de Juan Fernandez Krohn (abaixo), que tentou apunhalar João Paulo II em Fátima em 1982 é capaz de nos dizer qualquer coisa. Mas quase ninguém no Ocidente terá ouvido falar de Viktor Ilyin…
A lógica da Guerra-Fria impunha uma lógica à lógica informativa. As coisas que se passavam do lado de lá não eram necessariamente tratadas da mesma maneira do que acontecimentos idênticos que se passassem do lado de cá. E, no caso de atentados, conjugavam-se dois factores que concorriam para o abafamento. Por um lado, a notícia do atentado a um dirigente político do lado de lá poderia promover do lado de cá uma indesejada onda de simpatia pela vítima. Por outro, quem fazia a propaganda da sociedade do lado de lá, confrontava-se com o embaraço de, para além da notícia, ter de explicar no lado de cá como é que tais episódios ainda podiam ocorrer numa sociedade que era tão avançada...
Guerras de Propaganda à parte, Viktor Ilyin tinha sensivelmente a mesma idade (21) que Oswald (24) e Agca (23) quando decidiu assassinar Leonid Brejnev (1906-1982), que era então o Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética e o dirigente máximo do seu país. Estava-se em Janeiro de 1969. Viktor Ilyin, que estava a cumprir o serviço militar como alferes em Leninegrado, roubou do armeiro duas pistolas militares Makarov com quatro carregadores e partiu para Moscovo visitar um tio que pertencia à Milícia (Polícia). Ao tio roubou um dos seus uniformes (de Verão!) para se poder infiltrar no dispositivo de segurança duma cerimónia onde Leonid Brejnev iria ter de estar presente.
A cerimónia em questão era uma recepção no Kremlin aos quatro cosmonautas da Soyuz 4 e da Soyuz 5, que haviam efectuado um voo espacial conjunto entre 14 e 18 de Janeiro de 1969 e cuja cerimónia fora marcada para dia 22 porque a Grande Corrida Espacial contra os Estados Unidos ainda parecia estar ao rubro, embora estivesse apenas a seis meses da sua conclusão(*). Contudo, Viktor Ilyin acabou por se enganar na limousine escolhendo a errada, onde seguiam outros quatro cosmonautas(**), incluindo Georgi Beregovoi (1921-1995) que, especula-se, terá contribuído para iludir o atirador por causa das suas semelhanças fisionómicas com o dirigente soviético (compare-se Brejnev, à esquerda, com Beregovoi).
A lógica da Guerra-Fria impunha uma lógica à lógica informativa. As coisas que se passavam do lado de lá não eram necessariamente tratadas da mesma maneira do que acontecimentos idênticos que se passassem do lado de cá. E, no caso de atentados, conjugavam-se dois factores que concorriam para o abafamento. Por um lado, a notícia do atentado a um dirigente político do lado de lá poderia promover do lado de cá uma indesejada onda de simpatia pela vítima. Por outro, quem fazia a propaganda da sociedade do lado de lá, confrontava-se com o embaraço de, para além da notícia, ter de explicar no lado de cá como é que tais episódios ainda podiam ocorrer numa sociedade que era tão avançada...
Guerras de Propaganda à parte, Viktor Ilyin tinha sensivelmente a mesma idade (21) que Oswald (24) e Agca (23) quando decidiu assassinar Leonid Brejnev (1906-1982), que era então o Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética e o dirigente máximo do seu país. Estava-se em Janeiro de 1969. Viktor Ilyin, que estava a cumprir o serviço militar como alferes em Leninegrado, roubou do armeiro duas pistolas militares Makarov com quatro carregadores e partiu para Moscovo visitar um tio que pertencia à Milícia (Polícia). Ao tio roubou um dos seus uniformes (de Verão!) para se poder infiltrar no dispositivo de segurança duma cerimónia onde Leonid Brejnev iria ter de estar presente.
A cerimónia em questão era uma recepção no Kremlin aos quatro cosmonautas da Soyuz 4 e da Soyuz 5, que haviam efectuado um voo espacial conjunto entre 14 e 18 de Janeiro de 1969 e cuja cerimónia fora marcada para dia 22 porque a Grande Corrida Espacial contra os Estados Unidos ainda parecia estar ao rubro, embora estivesse apenas a seis meses da sua conclusão(*). Contudo, Viktor Ilyin acabou por se enganar na limousine escolhendo a errada, onde seguiam outros quatro cosmonautas(**), incluindo Georgi Beregovoi (1921-1995) que, especula-se, terá contribuído para iludir o atirador por causa das suas semelhanças fisionómicas com o dirigente soviético (compare-se Brejnev, à esquerda, com Beregovoi).
Viktor Ilyin só veio a ser dominado pelas forças de segurança depois de disparar cada um dos carregadores das duas armas que trazia consigo – 16 balas no total. Acertou no motorista da limousine, que morreu, mas os quatro cosmonautas escaparam incólumes. O episódio acabou por ter uma enorme repercussão porque a cerimónia estava a ser transmitida em directo pela televisão quando o atentado teve lugar. É claro que a transmissão foi logo imediatamente interrompida, mas já era impossível esconder que alguma coisa havia acontecido. Tipicamente, a versão oficial à imprensa (feita pela saudosa TASS...) anunciava que se havia registado um atentado contra os cosmonautas!...
Neste caso de Viktor Ilyin terá sido aplicado, mas com propriedade, um princípio que viria depois a ser usado e abusado pelas autoridades soviéticas ao longo das décadas de 70 e de 80: a assumpção que o réu, na sua atitude de oposição ao regime soviético, não passaria de um doente psiquiátrico. Depois, muitos outros houve cuja doença era menos óbvia… Condenado em 1970, Viktor Ilyin passou os 20 anos seguintes internado em instituições psiquiátricas. Libertado em 1990, veio a justificar plenamente aquela máxima portuguesa que distingue os loucos dos parvos, ao reclamar e ganhar uma acção para receber os 20 anos de ordenados em atraso do exército, que se esquecera de o demitir das suas fileiras…
Tanta coisa que eu não sabia e fiquei a saber. Excepção feita à morte de Kennedy, pq, com devido reespeito pela opinião formulada, nunca comprei, não compro e dificilmente comprarei a "treta" do Lee Oswald.
ResponderEliminarMas o problema deve ser meu que, às vezes, sou desconfiado.
bfs
eu achei super completo
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