A pretexto da recente canonização de Nuno Álvares Pereira que teve lugar em Roma e também dum simpático comentário do JRD, a recordar-me como ainda há figuras de esquerda que tendem a ser consideradas intocáveis, ocorreu-me escrever um poste sobre Santos portugueses, mas dos outros Santos, daqueles que não precisaram nem de milagres nem da validação do Vaticano para serem considerados como tal. Um desses Santos, não querendo passar por trocadilho, foi o estudante José António Ribeiro Santos, militante do MRPP, que foi morto pela PIDE em Outubro de 1972.
No aspecto estrito da luta política, para o MRPP foi muito importante ter adquirido o seu primeiro mártir, um campo que fora até então um exclusivo do PCP. O nome e a pessoa de Ribeiro Santos passou a ser usado como uma referência hagiográfica, mesmo ao gosto das proclamações grandiloquentes daquela época de influência da Revolução Cultural na China, e a própria representação do mártir (compare-se a fotografia de cima, mais conforme o original, com a imagem de baixo, mais conhecida nas pinturas murais) veio a estilizar-se e a perder o rigor das feições, como de um Santo se tratasse…
No aspecto estrito da luta política, para o MRPP foi muito importante ter adquirido o seu primeiro mártir, um campo que fora até então um exclusivo do PCP. O nome e a pessoa de Ribeiro Santos passou a ser usado como uma referência hagiográfica, mesmo ao gosto das proclamações grandiloquentes daquela época de influência da Revolução Cultural na China, e a própria representação do mártir (compare-se a fotografia de cima, mais conforme o original, com a imagem de baixo, mais conhecida nas pinturas murais) veio a estilizar-se e a perder o rigor das feições, como de um Santo se tratasse…
Agradeço a referência ao bth e o qualificativo "simpático" (eu bem me esforço...) ao meu comentário, não obstante a intenção não ter sido bem compreendida.
ResponderEliminarQuanto ao episódio que refere e que provocou mais uma vítima dos carrasco do antigo regime, vem-me à memória o (só) beato Lamego, que se salvou à justa e que mais tarde foi "dar tiros" para o Iraque, percurso que está na linha dos funâmbulos anteriormente citados.
Como decerto imaginará, JRD, no próximo poste sobre este mesmo tema vou mudar de "religião".
ResponderEliminarAcho muito bem. Mas fique sabendo que corre o risco de lhe chamarem apostata.
ResponderEliminarSe Ribeiro Santos não tivesse sido morto pela PIDE onde é que estaria actualmente? Ministro do Sócrates, candidato do PSD às europeias?
ResponderEliminarOu estaria antes na Comissão em Bruxelas?
A santificação de Ribeiro dos Santos continua hoje em dia: deram o seu nome à Rampa de Santos, em Lisboa, e por cima da porta principal da Faculdade de Direito da UL, do lado de dentro, está lá um "retábulo" seu com outro "mártir" ao lado.
ResponderEliminarEm qualquer destas religiões não corro o perigo da acusação de apostasia, porque nunca fui baptizado JRD...
ResponderEliminarA ser como O Raio diz, isso só demonstra, além da tragédia, o desperdício para o país que terá sido o seu assassinato. Porque, apesar das excepções, algumas qualidades haverá que ter para se atingir tais lugares, não é verdade?
Salvou-se de uma potencial "constipação" porque a água benta pode deixar marcas.
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