Involuntariamente, os hambúrgueres de Barack Obama e de Joe Biden e o meu poste sobre os quase ignorados 25 primeiros presidentes dos Estados Unidos, estão a arrastar-me para um recapitulativo sobre algumas daquelas figuras desconhecidas, que começou por um poste sobre James Monroe e a sua doutrina. Hoje pretendo escrever sobre o verdadeiro teórico da Doutrina Monroe, o, na época, Secretário de Estado John Quincy Adams (1767-1848), que depois se veio a tornar no sexto presidente dos Estados Unidos.
Se nos Estados Unidos dos primórdios fosse permitido assumir-se que havia uma nobreza, então John Quincy Adams pertencer-lhe-ia. Talvez seja por isso que Adams é colocado por vários historiadores na lista dos piores presidentes dos Estados Unidos. O seu pai, John Adams (1735-1826), fora o segundo presidente dos Estados Unidos (1797-1801) e John Quincy Adams tivera uma meritória carreira diplomática antes de se tornar Secretário de Estado, como embaixador na Holanda, Portugal, Prússia, Rússia e Reino Unido.
Só que, para a sua candidatura presidencial na campanha eleitoral de 1824, faltava-lhe aquele glamour tão americano do homem que subira na vida a pulso. Felizmente para ele, a corrida presidencial estava dividida, tão dividida quanto nunca houvera estado, nem nunca mais viria a estar: havia quatro candidatos com possibilidades de ganhar! E, à medida que os resultados iam sendo conhecidos (ainda não havia maratonas eleitorais televisivas…), todos eles haviam ganho Estados e obtido votos eleitorais.
Recorda-se que a eleição presidencial nos Estados Unidos é indirecta. Cada Estado tem direito a um número de delegados que fazem parte de um Colégio Eleitoral que se comprometem a votar pelo candidato que for o mais votado no seu Estado. O candidato que obtiver a maioria absoluta dos votos dos delegados nesse Colégio Eleitoral é que ganha a eleição(*). Em 1824, o Colégio Eleitoral estava mais dividido que nunca: Andrew Jackson com 99 votos, John Quincy Adams com 84, William Crawford com 41 e Henry Clay com 37.
Houve que desempatar e encurtando uma história comprida, John Quincy Adams veio a ser eleito devido à transferência para si dos votos de Henry Clay, na eleição presidencial em que o vencedor terá recebido provavelmente a menor percentagem dos votos populares na história dos Estados Unidos – cerca de 30%. É mais um ponto que não abona em seu favor nas simpatias dos historiadores norte-americanos e as descrições do que ocorreu durante o período da sua administração (1825-1829) padecerão desses preconceitos…
No dia da tomada de posse (4 de Março de 1825), a cerimónia teve que competir na atenção dos habitantes de Washington com a publicidade ambulante de um circo que acabara de chegar à cidade(**). Depois, ao instalarem-se na Casa Branca, o casal Adams veio a descobrir o estado deplorável em que os anteriores ocupantes (os Monroe) a haviam deixado: mobiliário estragado, as roupas e os atoalhados rasgados, etc. Louisa Adams sentiu-se até na obrigação de convidar testemunhas para se eximir de futuras responsabilidades…
Ao longo do seu mandato John Quincy Adams sempre sofreu do que hoje designaríamos por má imprensa. Nos dias de hoje é improvável que tivesse atingido o cargo. Como se pode observar pelos seus vários retratos era gorducho, calvo, com uma pose aristocrática de pôr as pessoas à distância, nada que saísse bem na televisão. Em contraste, o seu rival Andrew Jackson (1767-1845) tinha mais de 1,80 de altura e uma boa história de ascensão social a acompanhá-lo. Jackson veio a bater Adams nas eleições presidenciais de 1828.
Mas, por me ter referido à importância da aparência das pessoas para a sua carreira política, vale a pena salientar que John Quincy Adams pertence à primeira geração em que já se podem comparar os clássicos retratos pintados com as primeiras fotografias. Esta que acima aparece, posterior em quase 20 anos à sua presidência, mostra que, em geral os primeiros lhe fizeram justiça. Nem sempre é assim: quem olhar para o retrato abaixo pode pensar que Portugal teve um presidente que só conseguia arranjar calçado se fosse feito por encomenda…
Se nos Estados Unidos dos primórdios fosse permitido assumir-se que havia uma nobreza, então John Quincy Adams pertencer-lhe-ia. Talvez seja por isso que Adams é colocado por vários historiadores na lista dos piores presidentes dos Estados Unidos. O seu pai, John Adams (1735-1826), fora o segundo presidente dos Estados Unidos (1797-1801) e John Quincy Adams tivera uma meritória carreira diplomática antes de se tornar Secretário de Estado, como embaixador na Holanda, Portugal, Prússia, Rússia e Reino Unido.
Só que, para a sua candidatura presidencial na campanha eleitoral de 1824, faltava-lhe aquele glamour tão americano do homem que subira na vida a pulso. Felizmente para ele, a corrida presidencial estava dividida, tão dividida quanto nunca houvera estado, nem nunca mais viria a estar: havia quatro candidatos com possibilidades de ganhar! E, à medida que os resultados iam sendo conhecidos (ainda não havia maratonas eleitorais televisivas…), todos eles haviam ganho Estados e obtido votos eleitorais.
Recorda-se que a eleição presidencial nos Estados Unidos é indirecta. Cada Estado tem direito a um número de delegados que fazem parte de um Colégio Eleitoral que se comprometem a votar pelo candidato que for o mais votado no seu Estado. O candidato que obtiver a maioria absoluta dos votos dos delegados nesse Colégio Eleitoral é que ganha a eleição(*). Em 1824, o Colégio Eleitoral estava mais dividido que nunca: Andrew Jackson com 99 votos, John Quincy Adams com 84, William Crawford com 41 e Henry Clay com 37.
Houve que desempatar e encurtando uma história comprida, John Quincy Adams veio a ser eleito devido à transferência para si dos votos de Henry Clay, na eleição presidencial em que o vencedor terá recebido provavelmente a menor percentagem dos votos populares na história dos Estados Unidos – cerca de 30%. É mais um ponto que não abona em seu favor nas simpatias dos historiadores norte-americanos e as descrições do que ocorreu durante o período da sua administração (1825-1829) padecerão desses preconceitos…
No dia da tomada de posse (4 de Março de 1825), a cerimónia teve que competir na atenção dos habitantes de Washington com a publicidade ambulante de um circo que acabara de chegar à cidade(**). Depois, ao instalarem-se na Casa Branca, o casal Adams veio a descobrir o estado deplorável em que os anteriores ocupantes (os Monroe) a haviam deixado: mobiliário estragado, as roupas e os atoalhados rasgados, etc. Louisa Adams sentiu-se até na obrigação de convidar testemunhas para se eximir de futuras responsabilidades…
Ao longo do seu mandato John Quincy Adams sempre sofreu do que hoje designaríamos por má imprensa. Nos dias de hoje é improvável que tivesse atingido o cargo. Como se pode observar pelos seus vários retratos era gorducho, calvo, com uma pose aristocrática de pôr as pessoas à distância, nada que saísse bem na televisão. Em contraste, o seu rival Andrew Jackson (1767-1845) tinha mais de 1,80 de altura e uma boa história de ascensão social a acompanhá-lo. Jackson veio a bater Adams nas eleições presidenciais de 1828.
Mas, por me ter referido à importância da aparência das pessoas para a sua carreira política, vale a pena salientar que John Quincy Adams pertence à primeira geração em que já se podem comparar os clássicos retratos pintados com as primeiras fotografias. Esta que acima aparece, posterior em quase 20 anos à sua presidência, mostra que, em geral os primeiros lhe fizeram justiça. Nem sempre é assim: quem olhar para o retrato abaixo pode pensar que Portugal teve um presidente que só conseguia arranjar calçado se fosse feito por encomenda…
(*) Foi por ter ganho mais votos nesse Colégio Eleitoral que George W. Bush ganhou as eleições de 2000 a Al Gore, apesar de Gore ter recebido mais 544.000 votos populares. Embora raro, o mesmo fenómeno também se registou nas eleições presidenciais de 1876 e 1888.
(**) Um ponto de reflexão para aqueles defensores da tese que defende que o fenómeno do alheamento das pessoas da política é coisa moderna que se tem vindo a acentuar.
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