02 dezembro 2023

A DOUTRINA MONROE

(Republicação por ocasião do bicentenário do discurso)
Entre os 25 senhores que constam deste quadro acima, o do canto superior direito e que foi o quinto presidente dos Estados Unidos entre os anos de 1817 e 1825 chamava-se James Monroe (1758-1831). À sua maneira, James Monroe (retratado mais em exclusivo no quadro abaixo) tornou-se famoso quando se associou o seu nome a uma doutrina apresentada por si e que se tornou depois famosa muitos anos mais tarde sob a designação de Doutrina Monroe.
Numa tradução muito livre daquilo que Monroe disse(*) ao Congresso em 2 de Dezembro de 1823 no seu discurso do estado da União, e que veio a constituir doutrina, os dois continentes americanos, pelas condições de liberdade e independência que conquistaram e asseguraram, não serão doravante passíveis de uma futura (re)colonização por qualquer Potência Europeia. Para a época, era uma proclamação tão grandiloquente quanto, pronunciada pelo representante dos Estados Unidos, um pouco insolente
Numa avaliação crua da balança do poder das potências naquela altura, os Estados Unidos eram ainda um pigmeu quando comparados, por exemplo, com a grande potência marítima da época, o Reino Unido. Quando Monroe engrossou a voz, ainda não haviam decorrido 10 anos desde a última vez que a ex-colónia e a ex-metrópole se haviam envolvido mais uma vez numa Guerra (1812-14). Desta vez pela liberdade do comércio marítimo mas desta vez vencida pelos britânicos.
Os britânicos podiam não ter tido meios para impor a autoridade colonial aos Estados Unidos, e por isso perderam a Guerra da Independência (1775-83), mas tinham-nos para impor um severo bloqueio comercial às suas antigas colónias e para desembarcar expedições com a intenção de destruir os objectivos em terra que escolhessem. Em Agosto de 1814, uma dessas expedições atingiu Washington, a capital federal, incendiando os seus edíficios principais (abaixo) e fazendo fugir Madison, o antecessor de Monroe.
Por isso, não fora a concordância tácita dos britânicos em preservar o estatuto dos vários países que se haviam tornado recentemente independentes na América Latina, conjugada com a impotência espanhola e portuguesa em recuperar os seus impérios americanos, e a Doutrina Monroe, na altura em que foi proclamada, não teria passado de… letra morta. Na realidade, quando os americanos puderam impor autonomamente a sua Doutrina, já o seu autor morrera há muito (1831)…

(*) Na verdade, acredita-se hoje que aquelas passagens do discurso foram escritas pelo então Secretário de Estado, John Quincy Adams, que, curiosamente, viria a ser depois o sexto Presidente dos Estados Unidos, entre 1825 e 1829.

2 comentários:

  1. A propósito de expedições: Os colonialistas britânicos conseguiram chegar a Washington e fizeram fugir Monroe. Já os descendentes deste, depois de terem virado colonialistas, tentaram repetir o feito noutra paragens, mas não passaram da Playa Giron e ‘el presidente’ ainda lá está, apenas em repouso.

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  2. ora aqui está o local onde o meu miudo vai iniciar a pesquisa para o trabalho que tem de apresentar sobre George Washington e a Guerra da Indepêndencia.

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