27 de Dezembro de 1948. O cardeal Mindszenty, a mais proeminente figura da hierarquia católica da Hungria é preso e acusado de traição, conspiração e incumprimento das leis do regime. Foi submetido a interrogatórios e a tortura: é-lhe injectada uma mistura de drogas, para que ele fosse apresentado num julgamento público ao estilo estalinista, com o objectivo de o exibir alquebrado perante a comunidade católica húngara. No processo, foi forçado, por vezes, a ficar de pé por mais de 82 horas e interrogado sem interrupção, dias e noites a fio. Quando praticado em Portugal e pela PIDE por esta mesma altura, os militantes do PCP designam condenatoriamente esta prática por estátua. Mas não lhes perguntem o que eles acham do mesmo processo quando praticado na Hungria pela ÁVH: aí não sabem, não estão bem informados, etc. - a hipocrisia do costume.
Com esta prisão acaba a fase de transição, depois de 1945, em que a igreja Católica andou de luvas postas, tacteando diplomaticamente a melhor forma de se relacionar com as autoridades comunistas dos países da esfera soviética da Europa oriental. Nomeadamente porque essas autoridades comunistas ainda se estavam a instalar. Mas este caso do cardeal Mindszenty foi tratado de forma ostensiva pelas autoridades de Budapeste para que Roma pudesse contemporizar (abaixo, a reacção do papa Pio XII), muito embora, nessa reacção, a influência da igreja Católica no Leste fosse muito desigual de país para país. Mas, nos países em que essa influência social era forte, como era o caso da Polónia, a instituição católica tirou as luvas, e, daí para a frente, até à queda do Muro, tornou-se uma das forças da oposição possível ao(s) regime(s) comunista(s).
Sem comentários:
Enviar um comentário