13 dezembro 2023

O CONVITE... QUE NÃO ERA PARA SER ACEITE

13 de Dezembro de 1963. Franco Nogueira, o então ministro dos Negócios Estrangeiros português encontrava-se em Nova Iorque, na sede da ONU, organização onde se registavam grandes pressões sobre Portugal e a sua política colonial. No decurso de uma visita «de cortesia» que o ministro efectuara ao então secretário-geral da organização, o birmanês U Thant, este último recebera um convite para visitar as duas maiores colónias portuguesas em África: Angola e Moçambique. A notícia que acima lemos acima, onde se dá conta de que o convidado estará a ponderar a decisão, é apenas a terceira demão de hipocrisia num processo repleto dela. A primeira demão, é o pincel da parte portuguesa que faz o convite, quando já espera de antemão que ele seja declinado: a ideia é deixar a outra parte em maus lençóis ao recusar o convite. A segunda demão é o pincel internacional da ONU, que não quer validar com uma presença do seu secretário-geral a legitimidade de qualquer território sob tutela colonial; aquilo que ela está disposta a ceder na negociação é algo muito limitado. Finalmente há esta terceira demão de hipocrisia, fingindo-se que qualquer das duas partes estarão a conversar de boa fé e com seriedade. Para quem estiver interessado em saber como esta história vai acabar, na ONU vai-se empurrar discretamente o assunto por seis meses, até, depois de uma insistência portuguesa em finais de Maio, da parte da ONU se assumir oficialmente a recusa, a 4 de Junho de 1964.

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