(Republicação)
15 de Dezembro de 1973. John Paul Getty III (1956-2011) era, não só um adolescente endiabrado, mas sobretudo o neto de um daqueles multimilionários norte-americanos, o original Jean Paul Getty (1892-1976). Na madrugada de 10 de Julho de 1973 ele fora raptado em Roma por um grupo de mafiosos da máfia calabresa (a 'Ndrangheta) que exigiram um resgate de 17 milhões de dólares pela sua libertação. Seguiu-se um período de porfiadas negociações entre os raptores e um avô que, apesar de rico, se mostrou particularmente pouco empenhado na conclusão do negócio nas condições impostas pelos raptores. Tanto assim que as negociações se arrastaram por meses. Em Novembro e em desespero de causa e perante a avareza - que era proverbial! - do patriarca dos Getty, os raptores trouxeram o caso descaradamente para os holofotes da opinião pública, enviando uma das orelhas em embrulho postal para um jornal italiano. O gesto provocou ondas de choque mas o recado não podia ser mais claro: o refém arriscava-se a ser resgatado... mas aos bocados (como acontece abaixo com os Dalton...). E isso iria ser um desgaste horrível em termos de relações públicas para a Getty Oil. Há precisamente 44 anos, a notícia do dia era que o resto de John Paul Getty III fora libertado. A quantia acordada fora de 2,9 milhões de dólares, soube-se depois. O avô entrara com tudo, mas só suportara 2,2 milhões, o máximo que era fiscalmente dedutível, e o pai (Getty II) ficara responsável por reembolsar o avô dos 700 mil da diferença, que venceriam juros a 4% ao ano. Quando o ex-refém foi instruído pela mãe a telefonar ao avô para lhe agradecer, este não o quis atender. Mas, mais do que a miséria moral, o que as redacções de há 50 anos procuravam eram mesmo as imagens acima de um John Paul Getty III com a falta da orelha...
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