A Grécia acabou de ser eleita como o país do ano pela revista liberal britânica The Economist. As razões para a nomeação constam dos dois parágrafos acima, do lado esquerdo. Mas aquilo que me ocorreu de imediato a propósito desta eleição e da Grécia foi regressar a Janeiro de 2015 e ao frenesim opinativo a que se dedicava o jornal Observador como antecipação às eleições que ali iriam ter lugar: dez artigos de opinião assinados por outros tantos intelectuais formulando essencialmente uma opinião que era a mesma e era premente (acima à direita). A esta distância temporal (quase nove anos) percebe-se que as eleições da Grécia só eram importantes porque continham o significado simbólico de serem uma antecâmara das que viriam a ter lugar em Outubro daquele mesmo ano em Portugal. O engraçado nesta associação involuntária entre a The Economist e o Observador é constatar que as inclinações ideológicas das duas publicações até nem são assim tão distantes entre si. O que as distingue indelevelmente é a profundidade como cada uma trata os assuntos. E a funcionalidade. Não me parece que no Observador se venha a reconhecer à Grécia de 2023 alguma utilidade como instrumento de arremesso político para as próximas eleições portuguesas de Março de 2024. Por isso, se continuarem a escrever para aquele jornal, todos aqueles dez intelectuais irão escrever sobre outras coisas que não a Grécia.
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