13 dezembro 2023

EVOCAÇÃO DOS TEMPOS EM QUE O EGO DE MIGUEL SOUSA TAVARES AINDA TINHA EXPLICAÇÃO

A edição de 13 de Dezembro de 2003 do jornal Público dava o destaque as fotografias acima documentam a uma entrevista a Miguel Sousa Tavares. O ângulo que fora escolhido para o fotografar era uma síntese do conteúdo da entrevista. A razão para tanta imodéstia era o indiscutível sucesso social e editorial do seu romance Equador, que fora publicado naquele ano. Na verdade, se bem me recordo, tanto se nos afigurava caricata esta exuberância de Miguel Sousa Tavares, como o folhetim era alimentado pelo outro lado através das reacções despeitadas de Vasco Pulido Valente. A animosidade entre ambos era um enredo divertido. Os vinte anos entretanto decorridos, os livros que publicou depois, vieram comprovar para além de qualquer dúvida que afinal Miguel Sousa Tavares não sabe escrever, ou antes, não sabe escrever bestsellers, como ele se arrogava tão convencidamente naquela entrevista. Descontando o escritor, restou ainda o jornalista e o seu estilo contundente, que perdurou até aos novos entrevistados - como André Ventura ou Pedro Nuno Santos - lhe responderem agressivamente no estilo do próprio Sousa Tavares, menorizando-o e ridicularizando-o. Resta-lhe a atitude e o ego que, se naquela época até fazia sentido, hoje é anacrónico e ridículo.

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