06 dezembro 2023

URGÊNCIAS: O DRAMA! A TRAGÉDIA! O HORROR! (VOCÊ NÃO VIU NA TELEVISÃO?)

Esta história ocorreu há uns dias. Por discrição, não vamos mencionar o nome do hospital, nem identificar a estação de televisão, nem tão pouco a corporação de bombeiros a que pertence a equipa da ambulância que desencadeia a história. Mas a pedagogia que ela contêm sobrepõe-se a todas essas omissões. A história começa nas admissões para as urgências de um hospital, onde se começa a formar uma fila de ambulâncias esperando admissão dos doentes que transportam. Um dos membros de uma das equipas de uma dessas ambulâncias, mais expedito, fotografa a fila e envia-a para um contacto na redacção de um dos nossos canais de televisão. (Faça-se aqui um parêntesis, para explicar que a origem mais frequente de noticias de engarrafamentos de ambulâncias à porta dos hospitais são os membros das equipas das próprias ambulâncias: é que a espera imobiliza-as e isso perturba a rentabilidade do negócio do transporte de doentes) Os jornalistas da redacção do canal, ao verem a fotografia, mobilizam uma equipa de reportagem para se ir postar à frente do dito hospital para um daqueles directos em que se evidenciava à vista a crise das urgências... só que, quando chegaram ao hospital, já desaparecera a fila de ambulâncias. Em frustração, os jornalistas ainda contactaram responsáveis do hospital, quase que os recriminando por lhes terem sonegado traiçoeiramente a reportagem - é que assim, haviam saído para nada!... Não chegaram a passar esta história na televisão? Pois não, estas histórias você não vê na televisão, mas é uma pena... À sua maneira também contêm: O drama! A tragédia! O horror! que Artur Albarran tanto glorificava.

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