(Republicação)
A 12 de Dezembro de 1963 o Quénia tornava-se independente. O novo homem forte do país será Jomo Kenyatta (1891-1978), que se identifica discursando de pé na foto acima. O contraste entre os adereços que lhe conferem autoridade não podia ser maior com os das autoridades coloniais sentadas que, ali e naquele momento, lhe cedem os seus poderes, desde a cabeleira branca e toga do juiz até à imaculada farda branca tropical do príncipe Filipe de Edimburgo, encarregue de representar a rainha na cerimónia. Apesar do fato, Kenyatta usava um colorido cofió tradicional e empunhava na mão esquerda um espanta-moscas, símbolo consagrado de autoridade entre os Masai e entre muitas outras tribos da África Oriental; os mais atentos hão de reparar ainda que Kenyatta usava sandálias, para se distinguir dos europeus normalmente avessos a tal tipo de calçado. É uma mudança substantiva na coreografia do poder mas que se traduzia também na sua gramática como é o caso, por exemplo, da africanização da democracia. Uma africanização que fazia com que, a neutralidade do Estado se submetesse aos ditames do poder existente, e as democracias deixassem de ser democráticas. Se, nas últimas eleições havidas sob domínio colonial (Maio de 1963), a KANU de Kenyatta havia obtido a esmagadora maioria dos votos e dos representantes (83 em 124), nas eleições seguintes, que virão a ter lugar em Dezembro de 1969, a mesma KANU vai alcançar a totalidade dos votos e dos eleitos - os partidos da oposição foram entretanto proibidos. A indumentária de Jomo Kenyatta também evoluía em conformidade com o aprofundamento das instituições africanas mais genuínas.
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