Para que o elenco de cómicos da novela das gémeas luso-brasileiras esteja completo, depois da chegada daquele boneco da playmobil que repete mecanicamente corrupção! corrupção! (Paulo Morais), só lá tenho sentido a falta do tradicional juiz justiceiro (género Rui Teixeira ou Carlos Alexandre) que acuse os intervenientes das mais tenebrosas intenções e também a deste senhor acima, Luís Neves, o director da Polícia Judiciária, um daqueles polícias que adora palco e que está sempre à procura de ocasião para exibir o seu gosto pela arte de Talma. Não perdemos por ter esperado: foi hoje.
Recorde-se que, há precisamente dois anos, foi este mesmo Luís Neves que circulou dinamicamente entre todos os canais de televisão para reclamar para si e para a organização que dirige a detenção de João Rendeiro na África do Sul. António Costa apareceu a felicitar a PJ e Rui Rio apareceu a criticar a cenografia associada (acima). Para todos os efeitos, um mês depois lembrava-se neste blogue que nada evoluíra na situação do detido e, recorde-se, João Rendeiro nem chegou a regressar a Portugal, tendo-se suicidado quando preso na África do Sul, cinco meses depois desta tão publicitada detenção.
Creio que a história do anúncio da detenção de João Rendeiro que acabei de relembrar, dará um outro contexto, mais aprofundado às proclamações de hoje do director da Polícia Judiciária quando o lemos a dizer que a instituição «ainda» «não fo(ra) chamada a intervir» no caso das gémeas. Provavelmente ainda bem, já que, até agora, nada do que se sabe a respeito do assunto se reveste de carácter criminal. É apenas uma comédia de costumes protagonizada por um presidente que sempre se achou muito esperto a manipular os media e que agora está a ver o feitiço virar-se contra o feiticeiro.
Enfim, ao contrário do que cantavam os Trabalhadores do Comércio, esqueçam o show-off de Luís Neves e Não chamem a polícia!
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