
Continuando a procurar evitar que se
Apague a Memória!, recordo aqui esta fotografia da altura do 25 de Abril, um agente da
PIDE de mãos na nuca e em cuecas onde, especificava a notícia que a acompanhava, escondera uma arma, descoberta depois de submetido à revista corporal.

Mas essa
Memória também deve servir para evocar outras fotografias que foram obtidas em circunstâncias semelhantes à anterior, como esta sequência que se segue, tirada em Outubro de 1956, por ocasião da
Revolta que eclodiu em Budapeste contra a interferência soviética.

Os prisioneiros que ali se vêem de mãos erguidas são guardas da
AVH (
Államvédelmi Hatóság - a polícia política do regime
socialista húngaro), capturados durante os combates iniciais que colocaram a cidade sob controlo dos simpatizantes das reformas de
Imre Nagy.

O encadeamento das fotografias e a evolução das expressões conta uma história tão cruel quanto irónica, pois as vítimas não passavam de
peões ao serviço de um regime e de uma ideologia que sempre proclamou a necessidade circunstancial da existência de
violências revolucionárias…

Mas, como a História comprova repetidamente, as ditaduras irmanam-se mais pelas práticas do que pelas retóricas. Depois da Revolta ter sido esmagada pelos soviéticos, as fotografias foram usadas como prova no julgamento de Imre Nagy que se
concluiu com a sua condenação à morte...
É perante exemplos destes, que se torna decoroso que aqueles que se
pretendem passar pelos detentores da preservação da nossa Memória se congratulem e se moderem nos tons excessivamente
avermelhados com que pretendem reviver certas fases do nosso passado...
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