Se a contribuição dos comunistas portugueses para o derrube do fascismo costuma ser sistematicamente sobrestimada, a sua contribuição para o humor na democracia que se lhe seguiu – à nossa maneira, não à deles – tem sido sistematicamente subestimada. E não me estou a referir ao protagonismo de Ricardo Araújo Pereira nos Gato Fedorento. Estou-me a referir a exemplos como o retirado do Acórdão 504/210 do Tribunal Constitucional, aquele que valida as candidaturas às próximas eleições presidenciais e que atribui a dupla ocupação de electricista e de funcionário de partido político ao seu candidato Francisco Lopes. Desconfio que, apesar de a primeira ser a profissão que consta da sua biografia no site da Assembleia da República, nas últimas dezenas de anos Francisco Lopes não terá arranjado uma tomada eléctrica que seja – com excepção de algumas que se houvessem avariado lá em casa…
Como acontecia nas monarquias de há 100 anos atrás, quando os príncipes e princesas recebiam patentes e comandos honorários de unidades militares, parece existir um faz-de-conta igualmente caricato entre os comunistas – só que nesse caso associado às referências e origens proletárias. Assim, da mesma forma honorária e no mesmo sítio onde Francisco Lopes é electricista, Jerónimo de Sousa tem por profissão afinador de máquinas. Para preservação da sacrossanta regra de ouro¹ da composição dos órgãos de direcção do partido deles, quem sabe se, um dia destes, o controverso Bernardino Soares aparece como jurista mas acumulando com o ofício de canalizador, ocupação que teria desempenhado durante umas férias escolares, enquanto a graciosa Rita Rato poderia acumular o cargo actual de funcionária do partido com o de operária têxtil, por ter estado uma vez meia hora numa linha de produção quando de uma visita de trabalho a uma fábrica do ramo…
¹ Orientação apontando para a existência de uma maioria operária nos organismos de direcção comunistas. Os operários são da categoria das descrições deste poste e a maioria é a menor possível: 50,000001%.
Como acontecia nas monarquias de há 100 anos atrás, quando os príncipes e princesas recebiam patentes e comandos honorários de unidades militares, parece existir um faz-de-conta igualmente caricato entre os comunistas – só que nesse caso associado às referências e origens proletárias. Assim, da mesma forma honorária e no mesmo sítio onde Francisco Lopes é electricista, Jerónimo de Sousa tem por profissão afinador de máquinas. Para preservação da sacrossanta regra de ouro¹ da composição dos órgãos de direcção do partido deles, quem sabe se, um dia destes, o controverso Bernardino Soares aparece como jurista mas acumulando com o ofício de canalizador, ocupação que teria desempenhado durante umas férias escolares, enquanto a graciosa Rita Rato poderia acumular o cargo actual de funcionária do partido com o de operária têxtil, por ter estado uma vez meia hora numa linha de produção quando de uma visita de trabalho a uma fábrica do ramo…
¹ Orientação apontando para a existência de uma maioria operária nos organismos de direcção comunistas. Os operários são da categoria das descrições deste poste e a maioria é a menor possível: 50,000001%.
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