Se houver apenas uma conclusão que se possa tirar de qual foi a evolução das tácticas navais durante a Segunda Guerra Mundial, a conclusão mais incontroversa é que se assistiu à ascensão e supremacia do poder aeronaval. Praticamente todas as grandes Batalhas Navais durante o conflito tiveram por protagonistas a aviação embarcada e os Porta-Aviões, tornando obsoletos os navios clássicos e a artilharia convencional.
Para justificar a conclusão costuma seguir-se um encadeamento de Batalhas aeronavais (a começar pela do Mar de Coral em Maio de 1942), recontros em que a arma ofensiva de cada Armada foi a sua aviação embarcada e onde os navios inimigos nunca se aproximaram mais do que várias centenas de quilómetros. Contudo, para contrariar, houve uma batalha em que um porta-aviões foi afundado a tiros de canhão…
O episódio antecede os acima mencionados e situa-se no quadro mais vasto da Campanha da Noruega de Abril a Junho de 1940. A Alemanha ocupou de surpresa aquele país e a Dinamarca, que até aí haviam permanecido neutrais (acima). Os Aliados tentaram contrariar a ocupação alemã e, dada a extensão das costas norueguesas, a Royal Navy britânica desempenhou um papel fundamental nesse contra-ataque.
Tacticamente, a situação revelou-se desde o princípio desfavorável para os Aliados. Entre outros problemas, os alemães contavam com o apoio aéreo da aviação de combate da Luftwaffe, enquanto a aviação embarcada da Royal Navy, presente através dos Porta-Aviões HMS Furious e HMS Glorious mostrava ser comparativamente obsoleta, maioritariamente composta ainda por aviões biplanos como os Swordfish (acima e abaixo).
Nos finais de Maio de 1940 já se tornara evidente que, depois de excluída a intenção inicial de expulsar os alemães, nem o projecto aliado alternativo de sustentar algumas testas-de-ponte em território norueguês se conseguiria manter. Para mais, no dia 10 de Maio, com a invasão da Bélgica e da Holanda, começara a crucial Batalha pela Europa Ocidental e decidiu-se proceder à retirada do contingente aliado (Operação Alfabeto).
Aqui, um filme alemão de propaganda com quase 8 minutos a respeito da batalha.Foi já nesta fase final que, a 8 de Junho, quando o Porta-Aviões HMS Glorious (acima) retirava de águas norueguesas que acabou sendo detectado por dois dos maiores navios de guerra que a Alemanha então possuía – o Scharnhorst (abaixo) e o seu gémeo, o Gneisenau. Em condições normais, os torpedos da aviação do Glorious teriam maior alcance e seriam por isso mais ameaçadores que os canhões dos opositores...
...mas o HMS Glorious fora apanhado de surpresa e tardou muito a reagir. O Scharnhorst abriu fogo a 24 km de distância e, numa das primeiras salvas, conseguiu atingir o convés de voo do Glorious, inutilizando-o, destruindo os dois aviões de alerta e desarmando assim o Porta-Aviões que, sob fogo contínuo, se afundou (abaixo) uma hora e meia depois. E a História também se faz destes pequenos episódios que vão ao arrepio das grandes tendências…
Porta-aviões?
ResponderEliminarDe facto aquelas "coisas" que eles transportavam voavam, mas não eram aviões que se apresentassem na II Grande Guerra!
Por um bambúrrio de sorte, foi uma dessas peças de "sucata voadora" que deu cabo do "Bismark".
Só a "Royal Navy" era capaz de tamanha inconsciência...
Além do afundamento do Bismarck aqueles "teco-tecos" também ficaram com a fama do "raide sobre Taranto", uma espécie de "Pearl Harbor" (só que feito pelos "bons"...) quanto os britânicos afundaram ou danificaram de surpresa o núcleo da frota italiana.
ResponderEliminarMas como o Impaciente escreve, a publicidade dada a esses dois episódios não pode esconder quanto a capacidade aeronaval dos britânicos durante a Segunda Guerra Mundial foi geralmente medíocre, concebida apenas para Teatros onde a Royal Navy gozasse de uma superioridade aérea indiscutível - o que não foi o caso das costas da Noruega, aqui descrito.
E essa mediocridade era tão reconhecida pelos próprios almirantes britânicos que nunca se pôde colocar a questão dos porta-aviões britânicos defrontarem os seus homólogos japoneses no Oceano Índico quando estes o invadiram em 1942: teriam levado uma tareia das antigas...