
O processo judicial correu pessimamente para Barbara Streisand. O juiz que proferiu a sentença chegou a questionar a razoabilidade do processo levantado por ela, tendo em conta a discrição e o enquadramento da fotografia que contestava quando em contraste com reportagens fotográficas em que a actriz expusera deliberadamente a sua privacidade doméstica e obrigando-a a pagar até as custas judiciais dos Adelman. Mas a notoriedade do caso, a que fez com que o nome da actriz baptizasse um Efeito foi outra: antes do processo, ninguém conhecia o site dos Adelman; com ele centenas de milhares de pessoas foram visitá-lo, a famosa fotografia (1 entre 10.000) foi publicada na imprensa e o assunto foi amplamente discutido nos media...
Agora, através deste episódio da Ensitel, o Efeito Streisand manifesta-se em Portugal. Já se escreveu e disse praticamente tudo o que haveria para dizer sobre o assunto, embora me pareça que persiste alguma confusão em identificar o cerne da questão: a intimação dos advogados para que a autora do blogue apagasse os postes que escrevera a respeito do incidente do telemóvel estragado. Como aconteceu com a acção judicial de Streisand, é o excesso, no caso de querer calar até os resmungos de quem obteve uma decisão judicial desfavorável, que acaba por parecer ameaçador para a comunidade de utilizadores e que faz recair sobre a Ensitel o opróbrio de passar por uma organização tão medíocre quanto intolerante.

Sem comentários:
Enviar um comentário