15 dezembro 2010

O JUMENTO DA PEÇA DE NATAL

Quem, como eu, tenha assistido ao final da prédica de Domingo passado de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI certamente ter-se-á apercebido como, a pretexto de assinalar o 62º aniversário do professor, a estação terá manipulado a sua estrela informativa principal com o mesmo descaramento como uma revista de mexericos pespega uma dessas estrelas nas suas páginas centrais e lhes disseca os segredos das suas gravidezes…
Em clima de surpresa(?) para o aniversariante, apareceram os netos de Marcelo, a frequentar o mesmo jardim-escola onde estivera o avô (O Lar da Criança) e onde o professor (então aluno) já se revelava criança predestinada, a que se seguiu a entrada em directo (via telefónica) do grande amigo dessa infância, Eduardo Barroso, envolvendo uma troca de cumprimentos aparentemente muito emotiva entre eles, obviamente sem qualquer privacidade…
Nem de propósito, e já que Marcelo se deixou conduzir para este grau de exposição sobre aquele período do seu passado, na minha qualidade de, como ele, ex-aluno d´O Lar da Criança (embora não seja seu contemporâneo), adiciono aqui, a pretexto da quadra natalícia que se prepara, um folheto da Festa de Natal que teve lugar naquela instituição há 52 anos (acima - Natal de 1958), onde Marcelo, premonitoriamente talvez, considerada a sabedoria que é atribuída tradicionalmente àquele animal, participava no papel de… jumento¹.
¹ Registe-se que estar escrito Marcelo Nuno Rebello de Sousa não é uma gralha: os apelidos com consoantes duplas eram chiquíssimos à época...

4 comentários:

  1. Eu não acredito. eh eh eh
    Só a sua perspicácia, minúcia e desassombro para fazer um post destes. Os meus adjectivos estão gastos.

    :)))

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  2. Para a concepção do poste terão contribuído todos esses predicados (aparentemente em vias de se esgotarem como o açúcar...) que a Maria do Sol generosamente me atribui mas também, acrescento eu, uma redacção dominada por pirosos no Departamento de Informação da TVI, uma tolerância desmesurada à piroseira por parte do homenageado professor e a coincidência de o terem feito precisamente nesta época alusiva, a das festas de Natal.

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  3. A agradecer a atenção dada às minhas intervenções na TVI.De facto,fui totalmente surpreendido pelo Júlio Magalhães,confesso que reagi aos netos de forma pirosa-mas cada qual é como é-e confirmo que no Natal de 1958 fiz de burro do presépio,papel aparentemente menos digno ou estimulante do que o de mocho,de pastor ou de professor de outros anos na festa da escola.Mas,injustamente:o que seria do mundo sem os burros,que permitem fazer avultar,por contraste,os verdadeiramente dotados?
    Cumprimentos muito cordiais e votos de Boas Festas e Feliz Ano Novo!

    Marcelo Rebelo de Sousa

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  4. Felicito-o, Marcelo, pela memória que demonstra ter sobre os papéis que protagonizou nas sucessivas Festas de Natal d´O Lar da Criança.

    Lamento dizê-lo mas, lembrando-me de algumas outras coisas (como adiante se verá), quanto a Festas de Natal, só me lembro da de 1967, onde fui vestido a preceito para o palco do Tivoli fazer de anjinho… Depois disso e pela vida fora, já fiz imensas vezes de anjinho – olhe uma delas foi por «culpa» do Marcelo, quando acreditei que Cristo não viria à Terra, será que o Marcelo ainda se lembra dessa vinda?... ¬– mas confesso que nunca mais vesti roupa tão adequada quanto aquela…

    Quanto à cena da TVI de outro dia, e pondo as pirosisses de parte, só me surpreendeu que certos aspectos do enredo não combinassem com aquilo que sempre me haviam contado… Por exemplo, é verdade que a sua (e minha) professora, a Sra. D. Alice, lhe fazia os mais rasgados elogios como aluno mas, nunca a ouvi fazer um comentário que fosse ao Eduardo Barroso, o seu pretenso amigo mas rival. Ou, quanto à tal referência que lhe faziam como um futuro ministro, quando a ouvi, e provavelmente por influência do seu padrinho (Marcelo Caetano) que já ocupava o cargo, ouvi-a na versão primeiro-ministro…

    Claro que percebo que, se esses pormenores fossem rectificados pelo Júlio Magalhães, o enredo perderia grande parte da graça e até se poderia deduzir – injustamente – que o Marcelo falhara a sua ambição maior, ao não ter alcançado o tal estatuto de primeiro-ministro profetizado pela Bertinha. Por mim, o Marcelo ainda vai muito a tempo da presidência da república, por muito que nós já não saibamos por onde anda Cristo…

    ET – Quem se muda para uma estação de televisão com a reputação de ter estabelecido cláusulas prévias quanto às pessoas que o podem entrevistar (com a exclusão expressa da “patroa” da dita), cria também a aura (justa ou injustamente) de só se deixar “arrastar” para os “quadros televisivos” que o próprio aceita…

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