The Economist é uma revista de referência tanto pela solidez e profundidade das suas análises como pela qualidade estética impar das suas capas. Porém, no caso actual dos problemas monetários que estão a afectar séria – quiçá definitivamente... – a coesão da União Europeia (abaixo) e por muito que eu tenda a concordar com a grande maioria daquilo que
The Economist tem publicado, também não nos devemos esquecer que a revista também possui a sua ideologia liberal e opções
atlantistas sobre o grau da – falta de
– integração que deveria assumir o Projecto Europeu.

É contando com isso que convém tomar com uma boa dose de
circunspecção algumas
das análises que aquela revista tem vindo ultimamente
a produzir sobre
o assunto. Nem de propósito, recupero de um outro lote de excelentes capas da
The Economist em que o tema é o Irão (abaixo), uma que data de Julho de 1999 e que nos mostra um estudante iraniano contestatário que empunha uma camisola manchada de sangue enquanto os autores da revista se perguntam se não se seguiria uma
segunda revolução depois
daquela que derrubara o Xá em 1979 (capa central).

Hoje, mais de dez anos passados depois da revista publicada, há que reconhecer que o regime islâmico iraniano permaneceu tão sólido que lhe permitiu sobreviver a todas as vicissitudes por que passou desde aí. Tão sólido que o protagonista da fotografia, um estudante chamado Ahmad Batebi,
acabou preso, torturado e condenado a 15 anos de prisão antes de ter conseguido fugir para os Estados Unidos em 2008. A notícia e a capa não passaram de um daqueles casos exemplares de
wishful thinking, essa expressão da língua inglesa que é de
difícil tradução para o português.
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