Agora não nos peçam para reduzir massa salarial, reduzir efectivos e continuar a tratar todos os doentes que nos procuram. Tenho alguma dificuldade em acreditar que isso seja possível.

É com as palavras acima que termina uma entrevista que João Correia da Cunha, Presidente do Conselho de Administração do CHLN (ver acima)
deu anteontem ao Diário Económico. Omisso naturalmente da conversa, dará que pensar qual o empenho daquela administração em adaptar-se a estes tempos de austeridade quando se adiciona à conversa o facto daquele Centro Hospitalar, recentemente e apesar da crise vigente, ter conseguido contratar simultaneamente ainda mais três especialistas para o seu Departamento de Anatomia Patológica que já lá contava com cerca de dúzia e meia de colegas seus…
Claro que, numa especialidade tão carenciada quanto aquela, esses
milagres de gestão só se conseguem através de uma
generosidade salarial que
arrase a
concorrência, concorrência essa que é constituída pelos outros Centros Hospitalares e Hospitais da capital. É evidente que um episódio menor como este, em que se
ajustam às condições de mercado as remunerações de um punhado de médicos, tem tecnicamente um impacto ínfimo, irrelevante mesmo, para a gestão global do orçamento de qualquer daqueles Hospitais.

Mas, lá diz o ditado que
Deus está nas pequenas coisas e a leitura
política deste recente episódio das contratações – porque esta entrevista não passará disso mesmo, de um
recado político para a tutela, veja-se também a notícia do
Público de teor idêntico e que
fora publicada 15 dias antes… – indiciam que, por detrás do
embrulho das explicações
técnicas que o Dr. Correia da Cunha pretende apresentar na entrevista, a questão nuclear parece ser mesmo a de
atitude negocial: é que, se uma redução de 15% é
impossível, uma de 12% seria
improvável, uma de 10%
muito difícil, etc.
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