Isto agora dos tempos de antena é tudo muito mariquinhas, anda tudo estragado! Com tantas desculpas até apetece dizer que o Vitalino Canas não tem bolas! Fugir às responsabilidades de um tempo de antena televisivo atirando-as para cima da produtora é abjecto e só desperta saudades daqueles velhos tempos de antena dos primórdios em que era tudo em directo e ao vivo e politicamente incorrecto! Quem é que já não se lembra, por exemplo, dos tempos de antena da AOC durante a campanha para as eleições legislativas de 1976?
Para os mais novos esclareça-se que a AOC era a abreviatura de Aliança Operário Camponesa, uma organização M-L fundada em Novembro de 1974 por Heduíno Gomes, conhecido noutras paragens M-L por Renegado Vilar. E a senhora que fazia a locução dos tempos de antena da AOC, ao contrário do Canas, tinha ovários! Ela nem as boas noites nos dava… Começava logo a debitar e a primeira coisa que aprendíamos era dicção e a pronunciar correctamente o nome da organização, em que se aspirava e abria o primeiro A de AOC: a HAOC!
Para os mais novos esclareça-se que a AOC era a abreviatura de Aliança Operário Camponesa, uma organização M-L fundada em Novembro de 1974 por Heduíno Gomes, conhecido noutras paragens M-L por Renegado Vilar. E a senhora que fazia a locução dos tempos de antena da AOC, ao contrário do Canas, tinha ovários! Ela nem as boas noites nos dava… Começava logo a debitar e a primeira coisa que aprendíamos era dicção e a pronunciar correctamente o nome da organização, em que se aspirava e abria o primeiro A de AOC: a HAOC!
A segunda coisa que ela dizia era que a AOC era uma Frente Nacional Democrática, embora a senhora, de semblante sempre severo, não explicasse em que consistia isso. A seguir, talvez por estar associado ao seu símbolo, aquele castelo encimado pela estrela (por acaso de uma simbologia muito pouco canónica para uma organização M-L), costumava haver uma referência inflamada à recuperação de Olivença para só então chegar ao clímax do tempo de antena da AOC: o apelo ao voto para a eleição de um deputado. E que apelo!
Cada deputado eleito da AOC – não esquecer de aspirar o A! – será uma espinha cravada na garganta do Cunhal!!!. Foi uma frase memorável. E ora aqui está como naquele tempo se empregava a televisão para se dizer claramente ao que se ia, sem falsos pudores e sem falsos ultrajes. No final houve uns 16.000 telespectadores que se dispuseram a apoiar o cravamento da tal espinha ao Cunhal, número escasso para que ela ficasse cravada. Heduíno Gomes deixou as produções M-L, mudou de ramo e dedicou-se à dos discos infantis…
Encantado com a descrição do tempo de antena da aliança do "A" aspirado.
ResponderEliminarOnde a poderei visualizar? Há algum registo digital online?
Bem-haja.
Lamento dizer-lhe, Daniel, não só que não encontrei nada na rede, como ainda que tenho a forte suspeita que, como aqueles tempos de antena daqueles primórdios eram quase todos emitidos em directo, não tenham ficado registos para a posterioridade.
ResponderEliminarÀ laia de parco consolo, deixo-o com um "slogan" dos tempos de antena do PPM para as eleições de 1975, entoado repetidamente pela Isabel Wolmar: "Não votar é traição, votar em branco é distracção!"