Agora a respeito daquele slogan de não deixar que se apague a memória e ainda da animada animosidade que me leva a discordar da avaliação que Sérgio Ribeiro faz do seu próprio mandato, mas sobretudo da investida dos seus camaradas que, ao acusarem-me de inumeráveis defeitos, desconfio que nem sequer repararam que eu também fiz um elogio ao desempenho dos outros dois eurodeputados comunistas, lembrei-me de um episódio que ocorreu há quase 33 anos e sobre o qual, infelizmente, não encontrei nem imagens, nem vídeos. Por isso, vale ainda mais a pena que a memória não se apague…
Estava-se na campanha eleitoral para as presidenciais em Junho de 1976, quando a comitiva do candidato Ramalho Eanes entrou em Évora ou numa outra localidade desse distrito e, além da população que o foi receber e vitoriar, a comitiva foi também democraticamente recebida a tiro… Eanes deve ter reagido instintivamente com a galhardia que achava exigível a um oficial naquelas circunstâncias dando um exemplo de coragem… e subiu para o tejadilho do carro onde viajava (salvo erro um Peugeot), onde se manteve por um bocado, de pernas abertas e mãos à cintura, em atitude de desafio.
Diga-se que, muito anos depois deste incidente, ouvi a Eanes a confissão num registo bem-humorado que o verdadeiro perigo da situação foi a sua mulher que, discordando da atitude e querendo-o fazer mudar de ideias, de dentro do carro lhe puxava as calças, fazendo-o desequilibrar-se… Dessa vez e com as emoções ao rubro, o discurso do candidato que se seguiu deve ter sido um verdadeiro improviso e daqueles que não foi difícil improvisar. No seu inconfundível sotaque de Alcains o candidato dizia então: – É PRECISE QUE ELES SAIBAM QUE NÓS NÃO TEMES MEDE!
Diga-se que, muito anos depois deste incidente, ouvi a Eanes a confissão num registo bem-humorado que o verdadeiro perigo da situação foi a sua mulher que, discordando da atitude e querendo-o fazer mudar de ideias, de dentro do carro lhe puxava as calças, fazendo-o desequilibrar-se… Dessa vez e com as emoções ao rubro, o discurso do candidato que se seguiu deve ter sido um verdadeiro improviso e daqueles que não foi difícil improvisar. No seu inconfundível sotaque de Alcains o candidato dizia então: – É PRECISE QUE ELES SAIBAM QUE NÓS NÃO TEMES MEDE!
E, a propósito dessa evocação, é preciso que eles saibam, os de então e os novos que entretanto se lhes juntaram, apesar deste comportamento de ataque em matilha às opiniões alheias, que além de não termos medo, quanto às verdadeiras liberdades, não nos esquecemos de que lado é que eles estavam no 25 de Novembro...
EU NÃO TENHO MEDO DELES...E NÃO TEREI!
ResponderEliminarAbraço!
Tenho uma ideia, já um pouco imprecisa desse acontecimente (também sei escrever com sotaque). E se, até aí, não era grande fã de Ramalho Eanes nem considerava que fosse a pessoa mais indicada para Presidente da República a qual requer um certo carisma, uma certa postura, além do saber, da diplomacia e de mais coisas que agora não me lembro. A partir daí passei a ter muito mais respeito por ele. Não porque tenha especialmente apreciado a sua teatral galhardia, mas porque se fez luz e, mais uma vez percebi, que isso da democracia, para alguns, é uma coisa muito boa mas muito chata de praticar...
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