Há quem diga que a fotografia acima arrumou definitivamente com a credibilidade que Richard Nixon ainda gozaria entre aqueles que lhe haviam permanecido indefectíveis, mesmo durante todas as vicissitudes do Caso Watergate. Foi tirada a 9 de Agosto de 1974, precisamente no dia em que Nixon apresentou a sua resignação (forçada) ao cargo de Presidente dos Estados Unidos, e a fotografia mostra um Nixon a entrar para o helicóptero que o vai fazer abandonar a Casa Branca definitivamente e, mesmo assim, superior àquela sua natureza cénica de décadas, naquele que deve ter sido o dia mais triste da sua vida, Nixon atira-se para um gesto patético para a imprensa – veja-se o V vitorioso desenhado pelos dedos das mãos – em vez de assumir a tristeza que teria feito de si alguém mais genuíno…
Muitos anos depois, em 1987, o já falecido Victor Sá Machado (1933-2002) lançou a sua candidatura ao cargo de Director-Geral da UNESCO. Quadro superior da Fundação Gulbenkian, militante destacado do CDS e antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros (1978), o projecto foi abraçado pela nossa comunicação social com o entusiasmo (e a ignorância...) de mais um desígnio nacional… Decorre a primeira votação e, apesar de nenhum candidato ter alcançado a maioria absoluta, a nossa candidatura nacional recebe a prodigiosa quantidade de… zero votos! Confrontado perante aquele fiasco mais que evidente, Victor Sá Machado sublima-se na afirmação que a sua candidatura ainda saíra mais reforçada perante aquela nulidade… Claro que o cargo acabou por ir para um espanhol, Federico Mayor…
A cobertura feita ao julgamento de Isaltino de Morais faz-me lembrar, cada um à sua maneira, aqueles dois eventos. Por um lado, o sorriso permanentemente afivelado ao rosto de Isaltino assemelha-se imenso ao esgar de boa disposição que Richard Nixon afivelava ao rosto nos maus momentos. Por outro, as declarações tonitruantes sobre o que tem acontecido durante o seu julgamento, fizeram-me lembrar as apreciações de Vítor Sá Machado e mais o patético reforço da sua candidatura que ninguém considerara séria na primeira volta da votação… Ontem como hoje, com a mesma falta de categoria, se os jornalistas não conseguiram desmontar a bojarda de Sá Machado, também hoje incorporam como se fosse sua a opinião (naturalmente tendenciosa) que Isaltino tem da forma como está a decorrer o julgamento…
Muitos anos depois, em 1987, o já falecido Victor Sá Machado (1933-2002) lançou a sua candidatura ao cargo de Director-Geral da UNESCO. Quadro superior da Fundação Gulbenkian, militante destacado do CDS e antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros (1978), o projecto foi abraçado pela nossa comunicação social com o entusiasmo (e a ignorância...) de mais um desígnio nacional… Decorre a primeira votação e, apesar de nenhum candidato ter alcançado a maioria absoluta, a nossa candidatura nacional recebe a prodigiosa quantidade de… zero votos! Confrontado perante aquele fiasco mais que evidente, Victor Sá Machado sublima-se na afirmação que a sua candidatura ainda saíra mais reforçada perante aquela nulidade… Claro que o cargo acabou por ir para um espanhol, Federico Mayor…
A cobertura feita ao julgamento de Isaltino de Morais faz-me lembrar, cada um à sua maneira, aqueles dois eventos. Por um lado, o sorriso permanentemente afivelado ao rosto de Isaltino assemelha-se imenso ao esgar de boa disposição que Richard Nixon afivelava ao rosto nos maus momentos. Por outro, as declarações tonitruantes sobre o que tem acontecido durante o seu julgamento, fizeram-me lembrar as apreciações de Vítor Sá Machado e mais o patético reforço da sua candidatura que ninguém considerara séria na primeira volta da votação… Ontem como hoje, com a mesma falta de categoria, se os jornalistas não conseguiram desmontar a bojarda de Sá Machado, também hoje incorporam como se fosse sua a opinião (naturalmente tendenciosa) que Isaltino tem da forma como está a decorrer o julgamento…
Vitórias destas é o que para aí mais há, sobretudo na noite da contagem dos votos em que ganham todos, a começar pelos comentadores estipendiados, passando pelos porta-vozes oficiais e a acabar no locutor de plantão. É uma alegria total.
ResponderEliminarAqui no meu canto e, portanto, o que afirmo vale o que vale: acho que o Isaltino chegou a um ponto difícil de aceitar. Não tem um pingo de vergonha na cara! Chega a ser confrangedor!
ResponderEliminarObviamente que não percebeu a estratégia e os comentários na altura feitos por VSM. Está tudo muito bem explicado no livro da candidatura. Mas concordo consigo que é mais fácil achincalhar o autor (já sem hipótese de contraditório) e fazer uma leitura Linear do afirmado...do que perceber o que verdadeiramente estava em causa.
ResponderEliminarObviamente, para que é que interessarão os factos quando "está tudo muito bem explicado no livro de candidatura"? E os factos é que a candidatura recebeu zero votos e VSM (convêm recordá-lo ao comentador anterior) não foi eleito director-geral da UNESCO.
ResponderEliminarMas o que me levou a decidir autorizar o comentário supra, apesar de "assinado" anonimamente, é para criticar como inadmissível aquele tipo de argumentação que implica que a morte de alguém o isenta de críticas, porque "já não tem hipótese de contraditório".
É o género de falácia cínica, insuportável. Ele há milhares de personalidades históricas já falecidas que são criticadas e criticáveis. Querem ver que não se censurar Nero ou Calígula porque "não têm hipótese de contraditório"?...