Se observarmos atentamente o mapa acima, as zonas de fronteira entre a China (a Norte e a vermelho) e a Índia (a Sul e a açafrão) contêm três regiões vazias que se apresentam a branco. A região da esquerda, denominada Aksai Chin, até está mal assinalada, porque se encontra, de facto, ocupada pela China embora a ocupação não seja reconhecida pela Índia. A do centro, sobre o comprido, é o Nepal. E a da direita, a mais oriental de todas, é um país quase desconhecido, que dá pelo nome improvável de Butão.
A minha relação de simpatia com este discretíssimo país data da infância, depois de ter visto um documentário na televisão a seu respeito. Era um país romanticamente medieval, daqueles que ainda possuía uma capital de Inverno (Punaka) e outra de Verão (Thimbu), pois, tal como acontecia com os nossos primeiros reis, tal estatuto acabava por viajar conjuntamente com o monarca e a corte. Já não propriamente medieval, mas ainda de um arcaísmo impressionante, era o armamento das Forças Armadas (abaixo)…
Na prática, naquela altura o Butão era (e ainda hoje permanece) um protectorado da Índia, que se responsabilizava pela sua defesa e pela formação dos militares. Com uma área que equivale a metade de Portugal (47.000 km²) mas com apenas um terço da população metropolitana de Lisboa (700.000 habitantes), o Butão é literalmente um pequeníssimo peão do grande jogo que se trava entre os dois colossos que o cercam. E, neste momento, apesar de predominantemente budista, aquele peão pertence à Índia.
A minha relação de simpatia com este discretíssimo país data da infância, depois de ter visto um documentário na televisão a seu respeito. Era um país romanticamente medieval, daqueles que ainda possuía uma capital de Inverno (Punaka) e outra de Verão (Thimbu), pois, tal como acontecia com os nossos primeiros reis, tal estatuto acabava por viajar conjuntamente com o monarca e a corte. Já não propriamente medieval, mas ainda de um arcaísmo impressionante, era o armamento das Forças Armadas (abaixo)…
Na prática, naquela altura o Butão era (e ainda hoje permanece) um protectorado da Índia, que se responsabilizava pela sua defesa e pela formação dos militares. Com uma área que equivale a metade de Portugal (47.000 km²) mas com apenas um terço da população metropolitana de Lisboa (700.000 habitantes), o Butão é literalmente um pequeníssimo peão do grande jogo que se trava entre os dois colossos que o cercam. E, neste momento, apesar de predominantemente budista, aquele peão pertence à Índia.
Mas, esse grande jogo geoestratégico que se trava nas faldas dos Himalaias, tem sido, apesar do desinteresse ocidental, daqueles que tem mostrado muito dinamismo: ainda em Maio de 2008, a China, por intermédio do Partido Comunista local, marcou pontos sobre a Índia ao instalar-se no poder no Nepal, derrubando a monarquia hindu. Simbólico da ignorância daquilo em que consiste o grande jogo, houve quem celebrasse o derrube, ainda assim melhor que outros que mostravam não perceber patavina do que tinha acontecido…
Mas o grande jogo continua e a (pouca) atenção que o assunto merece transferiu-se agora para o Butão onde existe uma cópia exacta da manobra nepalesa: há ali uma outra organização de guerrilheiros (a Frente Revolucionária Unida do Butão), que é a emanação do Partido Comunista local, de inspiração maoista. Muito recentemente, uma emboscada destes últimos liquidou quatro guardas butaneses. Claro que já nem guerrilheiros rebeldes nem guardas governamentais estavam equipados e armados da forma pitoresca da fotografia acima...
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