A fotografia tirada em 1996 aos dois premiados com o Prémio Nobel da Paz desse ano, os timorenses José Manuel Ramos Horta (à esquerda) e Carlos Filipe Ximenes Belo pode ser usada como uma boa base de partida para explicar como os apelidos portugueses se espalharam pelo Mundo. No caso de Ramos-Horta temos o exemplo da miscigenação, já que o seu pai era de origem portuguesa (tinha sido desterrado para Timor) e a sua mãe era de origem timorense. No caso do bispo Ximenes Belo, parece ser um caso de aculturação, em que alguns dos seus antepassados adoptaram nomes portugueses.
Neste segundo caso, e datando a presença dos portugueses na Ásia do longínquo Século XVI, nunca se pode excluir que tenha existido algum antepassado de origem europeia que tivesse sido o responsável pelo estabelecimento do nome que a família adoptou. Contudo, dada a pequena dimensão demográfica de Portugal, é improvável que isso seja muito frequente, tendo em atenção a profusão de apelidos portugueses registados em algumas regiões asiáticas: havia uma história (*) que dizia que havia mais páginas com Silvas nas listas telefónicas de Colombo, capital do Sri Lanka, do que nas de Lisboa…
Mas não há região asiática onde esse fenómeno seja mais complexo do que na Índia. Ali conjuga-se a presença dos portugueses por um período de mais de 450 anos com os seus esforços (pelo menos iniciais) de evangelização e a propensão tipicamente indiana para compartimentar a sociedade em estratos – as castas. Em Goa (acima), por exemplo, nunca houve possibilidade de confusão entre os descendentes, que, como o nome indica, reclamavam a ancestralidade de um longínquo antepassado português, com os restantes cristãos, que muito provavelmente haviam adquirido os apelidos portugueses aquando do baptismo.
Por outro lado, há que contar que uma coisa é a religião que se professa, outra são as fidelidades políticas. Houve muitos católicos goeses que, por pressão da Inquisição e por razões políticas abandonaram as regiões sob soberania portuguesa, vindo a estabelecer-se noutros locais (acima). A maior concentração situava-se junto à cidade indiana de Mangalore o que lhes fez ganhar a designação de católicos mangaloreanos. Muitos deles vieram a emigrar dali depois para Bombaim. Enquanto isso, a partir do Século XIX, a ascensão das elites goesas passou a estar aberto às das outras confissões religiosas.(*) – Nunca tive uma lista telefónica cingalesa à mão para comparar. Mas a lista deve estar, de facto, cheia de apelidos portugueses e de corrupções deles facilmente identificáveis: Silva, Perera (Pereira), Zoysa (Sousa), Peiris (Peres), Mendis (Mendes), Fonseka (Fonseca), De Mel (de Melo), Corea (Correia), etc.
Tantos foram os espermatozóides lusos que mandámos para aquelas bandas.
ResponderEliminareheheheh (para o comentário oportuno e contextualizado do jrd).
ResponderEliminarA Freida é realmente muito bonita! Orgulhemo-nos, pois!
[Já agora, e reforçando o comentário do jrd, também do filme S. Millionaire, o actor que representa o papel de Salim adolescente (o do meio) chama-se Ashutosh Lobo Gajiwala]
Ainda não ia a meio do post e já apostava que Freida Pinto iria inevitavelmente (e felizmente!)aparecer. Ainda há pouco tempo fiz referência às origens lusas da menina.
ResponderEliminar