24 fevereiro 2009

MAO ZEDONG NA PROPAGANDA E NA INTIMIDADE

No seguimento do poste anterior, nunca é demais recordar como era esmagador na China o culto de personalidade à volta de Mao Zedong nos seus anos de poder (acima, o hino O Oriente é Vermelho). Vale a pena recordar aqui um dos episódios propagandísticos mais caricatos dos anos da Revolução Cultural, quando se noticiou que a 16 de Julho de 1966 Mao Zedong havia atravessado o Rio Yangtze a nado. O recado político associado àquele feito, usando aquela subtileza bem oriental, era que o presidente Mao, então com 73 anos, estava bem de saúde e recomendava-se... O efeito pode ser visto no vídeo abaixo:
Claro que alguns dos pormenores que acompanhavam a notícia não sobreviviam a um escrutínio independente. Segundo a notícia, Mao nadara rio abaixo por cerca de 15 km, tendo demorado 65 minutos a fazê-lo. Mesmo contando com a corrente do rio, houve quem tivesse feito contas e o feito teria transformado Mao Zedong (aos 73 anos…) num recordista mundial de natação de longa distância! Mas isso não interessava nada na aparente histeria colectiva que se terá formado à volta da proeza do presidente Mao. Aparentemente, toda uma nação de centenas de milhões se virou para os benefícios da prática da natação…

Apesar do frenesim pela natação por toda a China, não se seguiu qualquer chuva de recordes por parte dos nadadores chineses… Que isto nos fique de alerta quanto aos efeitos reais das acções de propaganda, no que diz respeito à alfabetização informática que será desencadeada em Portugal por causa do Magalhães… Do evento, ficou-nos uma bela fotografia de Mao (acima) em que ele usa, à laia de fato de banho, uma gigantesca fralda de bebé e onde ele bóia feito uma morsa, fazendo-nos lembrar fotografias parecidas do nosso estimado presidente Mário Soares por ocasião da sua Visita de Estado às Seychelles Despojados do seu pedestal político, olhar algumas fotografias dos ícones de outrora pode até tornar-se um passatempo divertido, como a fotografia acima de Mao com Lin Biao, onde impressiona ver a cor dos dentes de Mao cuja higiene pessoal, sabe-se agora, deixava bastante a desejar… Melhor que essa, será a fotografia abaixo, do encontro histórico de Mao com Nixon em Pequim em 1972, onde se podem observar uma espécie de penicos brancos junto às bases dos sofás (Nixon parece já ter mudado o seu para junto do sofá de Kissinger…) que não passam afinal de… escarradores. Para o que desse e viesse…

1 comentário:

  1. Sempre bom.
    Apenas para informar, talvez sem necessidade, que existe tradução portuguesa do livro cuja capa é apresentada: «Mao A História Desconhecida», Bertrand Editora, 2005.

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