01 fevereiro 2009

FORMOSA, A AMBICIOSA

No futuro, qualquer compilação das imagens importantes do Século XX incluirão, quase obrigatoriamente, as que constam do vídeo acima: a 31 de Outubro de 1949, depois de terem vencido a Guerra Civil, Mao Zedong, o líder dos comunistas chineses, proclamava a República Popular da China. Após terem perdido a posição de vanguarda tecnológica e económica mundial em proveito dos europeus durante os séculos anteriores, os chineses recuperavam naquele momento a unidade política da China, que se revelava indispensável para poderem começar a recuperar desse seu atraso. Como acontece com imensa frequência, naquela época não se percebeu completamente todo o significado histórico da cerimónia então realizada na Praça Tiananmen de Pequim.
A vitória fora decisiva, mas não total. Os vencidos da Guerra Civil tinham-se refugiado na ilha de Taiwan, conhecida em português pelo nome de Formosa, onde se exerciam ainda os poderes da derrotada República da China. Embora de dimensão irrisória à escala da China (veja-se acima a ilha Formosa, assinalada a azul, quando comparada com a China continental, a vermelho), a ilha ainda possuía uma massa crítica suficiente (36.000 km² e 22.900.000 habitantes em 2007) para que pudesse subsistir de uma forma autónoma, ainda que precisasse da assistência militar dos Estados Unidos. Mais do que isso, graças a eles e durante os 22 anos seguintes (1949-71), o governo da Formosa foi considerado pela ONU e outras organizações internacionais como se fosse o governo legítimo de toda a China…
Progressivamente essa ficção veio a perder-se e hoje não tem praticamente qualquer significado, a não ser internamente, dentro da própria República da China. Paradoxalmente, são precisamente essas debilidades quanto ao seu estatuto que obrigam a República da China a ser muito mais rígida que a sua irmã gigante (a República Popular da China) quanto às reivindicações territoriais que a China possa ter em relação aos seus países limítrofes. Enquanto a República Popular da China tem dado mostras de pragmatismo na forma como se relaciona com os vizinhos, as reivindicações formais da República da China (abaixo) incluem potenciais diferendos com o Japão, a Birmânia, a Índia, o Butão, o Paquistão, o Afeganistão, o Tajiquistão e a Rússia, além da anexação total da Mongólia…
O mapa pode ser ampliado, clicando em cima dele

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