20 janeiro 2012

O CONTENTAMENTO DO «DROOPY» E OS MERCADOS: PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO

Vítor Gaspar teve recentemente uma reunião à porta fechada com elementos da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional para apreciar a actual situação portuguesa. Informativamente, as portas da reunião depois escancararam-se e toda a comunicação social teve acesso à sua intervenção, embora se reconheça que passagens entorpecentes como A incerteza sobre o sucesso do processo de ajustamento português foi já substancialmente reduzida não constituirão da melhor matéria-prima para o nosso jornalismo moderno. Mas é para isso que há spin doctors

Muito provavelmente, terão sido eles a pegarem na expressão ponto de viragem para servir de soundbite da notícia, que se aproveitou também do sucesso da operação de colocação da dívida pública portuguesa no mercado primário, no passado dia 18. Com tanto azar que, nos dias seguintes e como se pode ler no título da capa do Público abaixo, a evolução das yields dos títulos da nossa dívida pública, agora no mercado secundário, atingiram máximos históricos. Eu endosso aquela atitude céptica quando se vê retroactivamente a diferença entre os discursos oficiais e as opiniões pessoais dos ministros das Finanças

Apesar disso, nota-se falta de uma atitude pedagógica da comunicação social, explicando à maioria dos leitores leigos, por exemplo, o que poderá estar por detrás daquelas diferenças dos valores dos juros alcançados nos mercados primário e secundário. É que aos sucessos evocados pelo governo no primeiro desses mercados não será estranho a intervenção discreta do Banco Central Europeu… Mas relembre-se que o segundo daqueles mercados é um verdadeiro faroeste especulativo. Num exemplo compreensível pelos leigos: a cotação actual da yield da dívida pública grega a 2 anos equipara-se às taxas de juro praticadas pela célebre Dona Branca

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