Há pouco mais de uns dez anos havia um anúncio televisivo onde o apresentador não conseguia dizer a fala dele ao abrir um frigorífico: em vez de perguntar pelo leite, como combinado, perguntava pelo pão, pelas tostas, etc. Ia-se a ver e a
culpa era de uma margarina que lá ficara esquecida… Não sendo espectacular, era um anúncio inteligente e que ficava na memória. Assim também o considero ao
anúncio publicitário de que a Irlanda
não está em dificuldades. Já
aqui me referira a essa campanha, que, nesse caso excepcional, é
inversa e consiste em
esconder o produto das listas dos países
enrascados da zona Euro. Hoje, mais uma vez, o
Público cai que nem um
patinho e publica um quadro da
Reuters (abaixo) com a evolução das
yields das OTs a 10 anos nos últimos 30 dias. Da Grécia, Portugal, Itália e Espanha. Mas da Irlanda, nada…

Claro que há os mais
limitados que só
conseguem perceber a utilidade destes gráficos como armas de arremesso de política interna. Mas os profissionais da informação em Portugal têm que se compenetrar que aqueles gráficos
maneirinhos e já
trabalhados pelas agências noticiosas, quando lhes chegam às mãos só podem ser para servir objectivos específicos, que não só apenas o aumento de tiragens e audiências. Também aqui, para empregar uma expressão cara aos economistas, não haverá
almoços grátis. E se a fome poderá eventualmente servir para justificar a propensão do actor do anúncio inicial para pedir repetidamente pão e tostas, há que perceber que a ignorância e a ingenuidade não são atributos idênticos que possam desculpar a
distracção como a Irlanda é constantemente ocultada da lista dos países da zona euro em dificuldades…
Este último gráfico está disponível no site da Bloomberg e mostra-nos como o yield suportado pelas OTs da Irlanda (neste caso a 9 anos) nos últimos 30 dias tem descido dos 8,5 para os 7,5% mas, mesmo assim, são superiores aos valores registados acima para Itália e Espanha.
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