
Aqui há três meses referira-me ao titular da secretaria regional das finanças na Madeira
e às figuras tristes que o presidente daquele governo o mandava fazer (acima, os dois). Algumas notícias publicadas recentemente nos jornais informam-nos que
a desdita do pobre
José Manuel Garcês – que entretanto terá aceite
a recondução naquele cargo em Novembro do ano passado – só tende a piorar. Sorte a dele que os jornalistas não se apercebam do real significado do que noticiam mas, depois de ter recebido um atestado de incompetência técnica por não saber delimitar o perímetro de uma consolidação, o infeliz José Garcês vê agora a reputação da sua palavra arrastada publicamente pela lama.
A notícia a que acima me refiro é a da suspensão da aceitação das comparticipações do estado na compra de medicamentos na Madeira. O que equivale a dizer que qualquer madeirense passou a pagar os medicamentos
por inteiro. E os donos das farmácias, com o beneplácito da sua associação (
ANF), explicaram-se à população: é que têm
lá um
calote de 77 milhões de Euros… Teria sido conveniente que os jornalistas explicassem a coragem desta decisão: não terá sido fácil. Pode tornar-se muito arriscado humilhar assim pública e ostensivamente uma entidade que sempre teve (e certamente voltará a vir a ter) um peso expressivo na carteira de clientes de qualquer farmácia madeirense.

Porém, as farmácias adicionaram às explicações públicas um argumento que lhes terá conferido uma superioridade moral adicional: o governo regional nem sequer tem satisfeito os compromissos que entretanto já havia assumido de ir liquidando mensalmente a dívida acumulada, tendo faltado com os 4 milhões que se comprometera pagar em Dezembro passado. Desta vez trata-se de uma
cartaxada não técnica, mas antes pessoal, em José Garcês, um governante que se mostra incapaz de cumprir a sua palavra. Quanto ao seu
chefe, mesmo sem dinheiro, parece continuar igual a si mesmo:
a página do governo regional aparece engalanada é com as imagens do fogo de artifício do fim do ano no Funchal…
Adenda (17H40): Apesar das notícias da
Lusa e do
Público parecerem estar a referir-se a dois acontecimentos completamente distintos, parece-me improvável que os secretários regionais das finanças e dos assuntos sociais tenham convocado duas conferências de imprensa no mesmo dia sobre o mesmo assunto. De registar, na segunda delas, a
humildade inédita nas declarações do
triste José Garcês, apelando à
compreensão dos credores, admitindo que
a questão das farmácias foi remetida para segundo plano, ultrapassada que fora pelos
projectos comunitários, sem os quais a região não podia beneficiar dos fundos comunitários. Agora é só
preciso explicar isso às populações: que o dinheiro para medicamentos está há muito
enterrado nos túneis rodoviários que Alberto João Jardim inaugurou antes das eleições… Em décadas, nunca a situação política madeirense se terá mostrado tão pateticamente límpida como agora...
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