21 janeiro 2012

«AQUI É PORTUGAL»

Enquanto procurava fotografias a respeito do poste anterior, deparei-me com esta acima, ainda do período colonial (década de 60), quando a estátua que dominava a praça era a equestre de Mouzinho de Albuquerque (ao centro, com o rabo do cavalo virado para nós). Mas o mais engraçado são os dizeres do chão que se podem ler facilmente ainda que estejam invertidos: Aqui é Portugal. Questionando subtilmente essa proclamação política, a legenda da fotografia que lhe aparece imediatamente abaixo (clicar na fotografia para a ampliar) é bilingue, incluindo a informação que o autor da fotografia - muito provavelmente laurentino - responderia pelo nome muito pouco lusitano de Lu Shih Tung…

3 comentários:

  1. Não percebi: um indíviduo de origem chinesa, com um nome chinês, não pode ter nacionalidade portuguesa (realidade bem mais vasta do que o ser-se simplesmente lusitano)?...

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  2. Então eu explico: Na perspectiva jurídica em que o José coloca o problema, é claro que um chinês, mesmo que se chame Lu Chih Tung, pode ter (ou então adquirir) a nacionalidade portuguesa; assim como um português que seja seu homónimo, chamado, por exemplo, José Obtuso da Silva pode ter a nacionalidade chinesa…

    Mais, na perspectiva política da altura em que a fotografia foi feita, todos tinham a nacionalidade portuguesa. Não era Portugal um país multirracial e pluricontinental?

    Porém, numa outra perspectiva, a do cosmopolitismo cultural de então, e socorrendo-me de um anúncio televisivo coevo que julgo muito simbólico, o do Restaurador Olex («um preto de cabeleira loura e um branco de carapinha não é natural»), “o que é natural e fica bem é cada um usar o cabelo com que nasceu”…

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  3. Pois, com a salvaguarda do devido respeito, parece que foi o A. Teixeira quem não compreendeu sentido da minha pergunta, em cuja parte final já se inferia qual fosse a minha resposta… Que concorde ou não com a dimensão política dela, isso já é outra coisa bem distinta...

    Já agora: o anúncio do preto de cabeleira loura é bem pós-25 de Abril, creio que mesmo dos anos 80, altura em que era profusamente transmitido na televisão, razão por que não serve para ilustrar o cosmopolitismo cultural pré-25 de Abril ou apenas esse.

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