Com O Aviador (2004) de Martin Scorcese (acima), a máquina promocional de Hollywood deu uma nova projecção mundial não só à personalidade bizarra (louca) do multimilionário Howard Hughes (1905-1976) mas também à sua máquina descomunal, o hidroavião Hughes H-4 Hercules (abaixo), que se tornou na maior aeronave daquele género construída até à actualidade, rivalizando com os maiores aviões de passageiros actuais, embora tivesse sido financiada – é bom não o esquecer, apesar de se falar das obsessões de Hughes que era milionário – essencialmente à custa de fundos federais – i.e., de dinheiros públicos…
Porém, antes do Hughes H-4 em 1947, com as suas asas de quase 100 metros de envergadura, outros gigantes dos ares houve, menores mas igualmente aberrantes e com histórias que, por falta da mesma promoção de Hollywood, nos permanecem desconhecidas. É o caso do Kalinin K-7 (abaixo), um desses antecessores de concepção ucraniana que tivera o seu voo inaugural em 1933 (ou seja, 14 anos antes do H-4). A envergadura das suas asas já era então de 53 metros, com uma área de 452 m² e eram tão espessas que davam para acomodar os 120 passageiros da versão civil no seu interior…
Em vez dos oito motores do H-4, o K-7 tinha só sete, estando um deles orientado para trás. O trem de aterragem era colossal para dar estabilidade ao conjunto e por causa disso não podia ser retráctil (abaixo). O gigantismo do projecto despertou o interesse das autoridades militares e o desenvolvimento da versão militar do aparelho acabou por se tornar prioritária. A ideia, mais tarde retomada noutras aeronaves, era a de criar uma fortaleza voadora protegida por posições guarnecidas distribuídas pela aeronave com 8 canhões de 20 mm e 8 metralhadoras de 7,62 mm (veja-se a fotografia mais abaixo de um kit reduzido).
O protótipo do K-7 veio a despenhar-se num dos seus voos de ensaio, ainda em 1933. O ritmo do desenvolvimento da aeronáutica naquela década¹ fez com que aquele projecto se tornasse obsoleto e fosse abandonado. Mas foi o início de uma tradição da indústria aeronáutica ucraniana se especializar em aviões colossais como é o moderno Antonov An-225. Além de terem ambos dado o seu nome às suas criações, o projectista-chefe do K-7, Kostyantyn Kalinin, era também, como Hughes, um visionário. E foram ambos vítima da loucura, o ucraniano da alheia: foi fuzilado durante a Grande Purga…
¹ O desenvolvimento da aeronáutica durante a década de 1930 foi de tal forma acelerado que todos os aparelhos concebidos até 1933/34 eram considerados obsoletos por ocasião do começo da Segunda Guerra Mundial (Setembro de 1939).
Porém, antes do Hughes H-4 em 1947, com as suas asas de quase 100 metros de envergadura, outros gigantes dos ares houve, menores mas igualmente aberrantes e com histórias que, por falta da mesma promoção de Hollywood, nos permanecem desconhecidas. É o caso do Kalinin K-7 (abaixo), um desses antecessores de concepção ucraniana que tivera o seu voo inaugural em 1933 (ou seja, 14 anos antes do H-4). A envergadura das suas asas já era então de 53 metros, com uma área de 452 m² e eram tão espessas que davam para acomodar os 120 passageiros da versão civil no seu interior…
Em vez dos oito motores do H-4, o K-7 tinha só sete, estando um deles orientado para trás. O trem de aterragem era colossal para dar estabilidade ao conjunto e por causa disso não podia ser retráctil (abaixo). O gigantismo do projecto despertou o interesse das autoridades militares e o desenvolvimento da versão militar do aparelho acabou por se tornar prioritária. A ideia, mais tarde retomada noutras aeronaves, era a de criar uma fortaleza voadora protegida por posições guarnecidas distribuídas pela aeronave com 8 canhões de 20 mm e 8 metralhadoras de 7,62 mm (veja-se a fotografia mais abaixo de um kit reduzido).
O protótipo do K-7 veio a despenhar-se num dos seus voos de ensaio, ainda em 1933. O ritmo do desenvolvimento da aeronáutica naquela década¹ fez com que aquele projecto se tornasse obsoleto e fosse abandonado. Mas foi o início de uma tradição da indústria aeronáutica ucraniana se especializar em aviões colossais como é o moderno Antonov An-225. Além de terem ambos dado o seu nome às suas criações, o projectista-chefe do K-7, Kostyantyn Kalinin, era também, como Hughes, um visionário. E foram ambos vítima da loucura, o ucraniano da alheia: foi fuzilado durante a Grande Purga…
¹ O desenvolvimento da aeronáutica durante a década de 1930 foi de tal forma acelerado que todos os aparelhos concebidos até 1933/34 eram considerados obsoletos por ocasião do começo da Segunda Guerra Mundial (Setembro de 1939).
Tenho a noção de que os meus comentários são pouco originais e enfadonhos, de tão previsíveis. Mas a palavra que sempre me ocorre é: excelente.
ResponderEliminarE aí vai mais uma vez: excelente.