30 de Julho de 1903. Abertura em Bruxelas do 2º Congresso do Partido Operário Social Democrata Russo. A partir de 6 de Agosto, por pressão das autoridades russas sobre os belgas, os trabalhos do congresso foram transferidos para Londres, onde decorreram as sessões mais significativas. O número de presentes foi inicialmente de 52. Dez delegados podiam participar nos trabalhos mas não tinham direito de voto. Outros trinta e três tinham direito a um voto. E havia nove que tinham mesmo direito a dois votos, num total de 51 votos possíveis. Para além da mudança de local, o congresso prolongou-se até 23 de Agosto, ao longo 37 sessões. Mas aquela que perdurará para a história do comunismo será a 22ª sessão, quando Lenine e Martov, discordarão quanto às qualificações para se vir a ser membro do partido. Na proposta de Lenine, seria alguém "que reconhece o programa do partido e o apoia por meios materiais e pela participação pessoal numa das organizações do partido"; na redacção de Martov, seria alguém com uma "associação pessoal regular sob a direcção de uma das organizações do partido". Enfim, nada que não se pudesse sintetizar com um fraseado cuidadosamente negociado pelas partes. Mas não. Também os grandes cismas religiosos se justificaram por divergências (teológicas) similares. Vale a pena esclarecer que, na votação que se seguiu, foi a proposta de Martov que vingou: 28 votos contra 23 para Lenine. Mas Martov, o rival de Lenine, era mais intelectual marxista do que político: ao rejeitar, por uma questão de princípio, as pretensões de autonomia de um bloco de delegados de uma organização judaica que o haviam apoiado (para mais quando, ironicamente, o próprio Martov era também judeu...), fez com que esses 7 delegados abandonassem o congresso e que, com isso, Martov perdesse a maioria dos votos a partir da 27ª sessão dos trabalhos. A partir daí, e apesar da maioria bolchevique ser muito ténue (23-21), Lenine estava à vontade para conduzir o restos dos trabalhos com o seu bloco de votos. Quando da eleição do novo órgão central do partido, foram escolhidos três nomes: o veterano Plekhanov (46 anos), Lenine (33) e Martov (29). Este último declinou. Como se percebe pelo relatório que elaborou sobre o congresso, isso não incomodou minimamente Lenine. A montagem fotográfica (acima) elaborada na sequência do congresso não inclui a imagem de Martov, apesar da sua eleição, nem, de resto, a imagem de qualquer outro menchevique.
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