Houve um golpe de Estado no Níger. Ao contrário dos da América Latina, protagonizados normalmente por generais e almirantes, singulares, em pares ou trios, os golpes de Estado em África costumam ser protagonizados por militares de patentes mais baixas, normalmente oficiais, que formam grupos mais abrangentes, como se pode verificar pela fotografia acima. Esses grupos alargados de oficiais adoptam uns nomes pomposos quando se apresentam na sequência do golpe: este agora é o Comité Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), na presunção óbvia que o seu país - o Níger, neste caso - estava à beira do colapso por culpa do regime que tinham acabado de derrubar. O Níger é muito propenso a esses colapsos: desde que se tornou independente, em 3 de Agosto de 1960, o país já registou (com este) 6 golpes e tentativas de golpe de Estado e 7 constituições! Diz-nos a experiência de dezenas de golpes de Estado deste mesmo género, que o porta-voz - no caso acima, o coronel major Amadou Abdramane que até está vestido de maneira diferente dos outros - é o espertalhão do grupo, e os observadores mais bem informados tendem a classificá-lo(s) invariavelmente como o novo homem-forte do país. Porém, a coreografia que acabei de descrever já leva uns sessenta de idade e está bastante desacreditada pelo uso e abuso. Noutros tempos, tal qual a situação está a ser apresentada (anúncio formal, prisão do anterior presidente), era considerado assunto encerrado. Mas as notícias que chegam (abaixo), mostram-nos que isto de ser o que detém as armas não é garantia por si de sucesso de um golpe de Estado.
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