Em princípios de Abril de 1942, haviam-se passado apenas cinco meses depois de os Estados Unidos se verem envolvidos directamente na Segunda Guerra Mundial, e já em Washington se discutia entusiasmadamente a reabertura de uma Segunda Frente na Europa Ocidental. Foi a 2 de Abril que Winston Churchill recebeu uma carta de Roosevelt anunciando-lhe a chegada próxima a Londres do seu conselheiro especial Harry Hopkins (acima, ao centro) e do general George Marshall (à direita), para lhe apresentarem um plano para um desembarque em França ainda para aquele ano de 1942. Embora as reuniões, que ocorreram a partir de 8 de Abril no número 10 de Downing Street, tenha sido ocasião para um dos mais interessantes debates estratégicos, quando se enfrentaram duas das cabeças mais lúcidas que aquele conflito revelou (o próprio Marshall de um lado e, a contradizê-lo, o marechal Alan Brooke), a história deste texto não tem a ver directamente com o que ali foi discutido mas antes, com a inesperada intervenção no debate de uma terceira parte: a rádio alemã! Embora tendo viajado sob os pseudónimos de M.A.H. Jones e M.C.G. Mell, tornava-se evidente que os serviços do Abwehr pareciam conhecer perfeitamente não apenas as identidades dos viajantes como também a agenda que os levara a Londres. «Sabemos» - ouvia-se a voz do inimigo nas suas emissões em língua inglesa - «que o bolchevizante Hopkins e o general Marshall estão em Londres para discutir uma invasão da Europa. Apenas podemos repetir-lhes a proposta do Führer: a Alemanha está pronta a evacuar a parte do continente que mais convier aos ingleses, para que eles aí desembarquem em número tão elevado quanto possível...» Tanto como com estas, jocosas, mas sobretudo com as propostas americanas, os britânicos não foram daí abaixo. Hopkins e Marshall foram-se embora a 15 de Abril com um acordo de princípio que se assemelhava a um punhado de areia na mão: quando se apertasse a mão, a areia desapareceria! Desde há 75 anos que já se escreveram bibliotecas a respeito de todos os assuntos possíveis da Segunda Guerra Mundial, mas, sobre a questão da espionagem e do incidente que permitiu que os serviços de informações alemães tivessem ali marcado pontos, nunca encontrei nada onde se tivesse explicado o que terá falhado para que tivesse ocorrido aquela evidente brecha de segurança.
Sobre "as cabecas mais lucidas":
ResponderEliminarAlgum texto aqui no blog sobre algum deles? Ou algum texto externo?
As paginas da wikipedia elencadas sao... "wikipedicas" e sao duas pessoas sobre os quais pouco ouvi dizer. Do George Marshall sei que deu o nome ao plano Marshall, de Alan Brooke nem isso...
Sobre George Marshall não lhe devo sugerir a biografia de que me socorri por estar "out of print" (https://www.amazon.co.uk/Twentieth-Century-American-Biography-Paperback/dp/B010EVF1BC/ref=sr_1_106?s=books&ie=UTF8&qid=1516992610&sr=1-106). Mas existe esta mais recente: https://www.amazon.co.uk/George-Marshall-Biography-Debi-Unger/dp/0062385798/ref=sr_1_1?s=books&ie=UTF8&qid=1516993005&sr=1-1
ResponderEliminarSobre Alan Brooke, os incontornáveis Diários de Guerra (versão 2001): http://herdeirodeaecio.blogspot.pt/2006/11/os-protagonistas-da-histria-e-outros.html
Sobre o conteúdo das negociações de Abril de 1942: http://herdeirodeaecio.blogspot.pt/2008/04/apostar-tudo-no-preto-ou-no-mpar.html
E quanto aos textos que possam aparecer aqui no blogue a respeito de qualquer deles ou de qualquer outro assunto: há um rectangulozinho no canto superior esquerdo no cimo do ecrã logo no início do blogue que serve precisamente para isso: para pesquisar qualquer tema que tenha sido aqui referido nos últimos doze anos.
Hahaha sabe que ha uma porrada de tempo que me pergunto para que e que esse rectangulo serve?
ResponderEliminarObrigado pelas dicas.