O «Sketch do Papagaio Morto» tem quase 50 anos. E durante os primeiros 40 anos foi apenas um dos mais memoráveis exemplos do humor absurdo dos Monty Python. Escrito originalmente por Michael Palin, o episódio inspirava-se em algo que lhe acontecera pessoalmente enquanto reclamava com um vendedor de carros usados, que lhe vendera um em estado catastrófico. Enquanto o chaço se descompunha à vista dos dois, o vendedor arranjava uma desculpa, por mais implausível que fosse, para os problemas que Palin apontava no carro. A versão televisiva do sketch - e esse é o segredo do génio da equipa - é muito mais delirante. Aí é o próprio Michael Palin a responder às reclamações de John Cleese com não importa o quê, faça ou não faça sentido, tanto mais que o pomo da discórdia é muito simples e incontroverso: o papagaio morto foi vendido como estando vivo. Nos últimos anos, com a afirmação das redes sociais, tenho assistido a uma reemergência das discussões com um figurino que se inspira neste formato Dead Parrot. São muitas as trocas de impressões a que se assistem por aí em que um dos lados conversa enquanto o outro apenas desconversa. Costuma ser imbecil, mas ao mesmo tempo acaba por se tornar cómico, pelo absurdo, quando alguém, nos frequentes confrontos de opiniões, apresenta aquele argumento que é - deveria ser - o decisivo mas do outro lado se responde só para ter mais qualquer coisa para dizer. Como acima se reproduz: - Este papagaio está morto! - Não está nada, está só a descansar e, além disso, tem uma linda plumagem azul. Quando a conversa assume estas características, não há mesmo mais nada a dizer. Mas acontece tantas vezes!
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