22 janeiro 2018

HÁ CEM ANOS A GRÉCIA DECRETAVA FINALMENTE A MOBILIZAÇÃO GERAL

22 de Janeiro de 1918. Há cem anos, o primeiro-ministro grego Elefthérios Venizélos fazia com que o jovem rei Alexandre I (24 anos) assinasse o decreto de mobilização geral. Na leitura estratégica do primeiro-ministro da situação da Europa então envolvida em plena Guerra Mundial, esta seria a única solução para a Grécia e para o seu governo: havia que assumir um engajamento claro em favor dos dois países da Entente Cordiale. Fora para ganhar alguma coisa com isso que o primeiro-ministro grego visitara primeiro Lloyd George no Reino Unido e depois Clemenceau em França no Outono de 1917. Saíra de lá com um empréstimo de 750 milhões de francos-ouro e o compromisso de que a Grécia iria mobilizar 300.000 homens para combater os vizinhos búlgaros e os seus inimigos de estimação, os turcos, ambos aliados da Alemanha. Depois de três anos e meio de hesitações, este último golpe de rins vai permitir à Grécia aparecer daí por dez meses, quando da cessação das hostilidades, claramente do lado dos vencedores da Primeira Guerra Mundial (abaixo).
Visto à distância de cem anos este continua a ser o mesmo padrão da política externa grega: armam-se em caros, esmifram tudo o que puderem dos aliados, mas no fim, realisticamente, adequam-se à sua condição de parceiros menores do xadrez europeu. Era o que acontecia com Venizélos e é o que está a acontecer também com Aléxis Tsípras, mesmo que o partido deste seja o (supostamente radical) Syriza, como se comprova pelo que lá se passa, uma austeridade que continua mesmo agora que os holofotes mediáticos abandonaram a Grécia e o Orelhas já não se preocupa com a evasão fiscal das piscinas. Em retrospectiva, agora que tudo voltou à normalidade, vale a pena perguntarmo-nos se a manobra deliberada de pressão da Europa (das potências) sobre a Grécia não acabou por se vir a revelar excessiva, se não se teria apertado o torniquete do discurso moral do despesismo em demasia, chegando com isso a desencadear o aparecimento de fenómenos populistas como Varoufakis. Se este último foi - e continua a ser - um excesso inconsequente, Dijsselbloem foi outro.

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