Encontrado na Visão, este gráfico vem a revelar-se mais interessante do que aquilo que a revista veio a explorar dele. Segundo a explicação que lá se lê quanto à forma como ele foi construído, um site compilou o vocabulário dos discursos de Donald Trump desde que ele assumiu a presidência há um ano e comparou-o com o dos seus 14 antecessores. Para isso, os vocabulários foram aferidos por um teste denominado Flesch-Kincaid que os equipara ao nível de escolaridade medido em anos de frequência. Confesso que não estou em condições de avaliar o processo. Mas percebo que o objectivo do exercício - conseguido! - seria o de posicionar Donald Trump no último lugar e considerar os seus discursos os mais infantilizados de sempre - e por uma distância significativa. Todavia e para além da traulitada política dos dias que correm, o resto do gráfico aponta para conclusões tão interessantes que é uma pena que se desperdicem. São várias. Assim, os discursos de George W. Bush são significativamente mais sofisticados dos que os do seu pai George H.W. Bush, apesar da imagem consagrada que o primeiro é a degenerescência do segundo. Os discursos de Franklin Delano Roosevelt (FDR), que terá a pretensão de ter sido o último poliglota a ocupar a Casa Branca, são considerados aqui de uma pobreza surpreendente, significativamente mais pobres até do que os do despretensioso Ronald Reagan. O único dos quinze presidentes a ter sido premiado como escritor, John F. Kennedy, que recebeu o Prémio Pulitzer por (não) ter escrito Profiles in Courage, aparece apenas a meio da tabela. Pelo contrário, a Dwight Eisenhower, a quem se desculparia preventivamente a sua formação castrense na diminuição das expectativas quanto à sofisticação dos seus discursos, aparece afinal bem colocado - os generais não discursarão só para as tropas. Mas sobretudo, e significativo de que o tópico não terá grande relevância política, é que os 2 presidentes que aparecem como melhor classificados, Jimmy Carter e Herbert Hoover, se contam entre os 3 únicos casos (entre os 15) de presidentes que se apresentaram à reeleição e dela saíram derrotados... Herbert Hoover, talvez porque discursasse ainda com mais sofisticação do que Carter, ainda foi mais severamente derrotado. Descontada a intenção de desfazer Donald Trump, o resto da classificação contêm tantas surpresas que elas me levam a aceitar que o exercício foi realizado com boa fé.
Interessante. Contudo, se podemos deduzir que o discurso de Trump foi o mais infantilizado de todos, teriamos que concluir que seus votantes tambem foram os mais infantilizados de sempre. Ou até poderiamos chegar à conclusao que Trump, foi quem melhor soube identificar o nível de seus potenciais votantes. Numa última avaliaçao, poderiamos até concluir que a mediocridade se generaliza.
ResponderEliminarQuanto a considerações sobre uma eventual descoberta de um "nó górdio" comunicacional por Donald Trump, do seu encontro com os potenciais votantes medíocres que nele se reconheçam,, sugiro que se leve em consideração que Barack Obama, o antecessor de Trump, se encontra no outro extremo da escala...
ResponderEliminarPara ter uma melhor idéia, deveria o tal gráfico incluir uma comparaçao direta entre o vencedor e o perdedor de cada eleiçao. Só assim veriamos o nivel dos vencedores respeito as perdedores. Que fulano ou sicrano dentre os vencedores se encontre mais ou menos acima dos outros, pouco nos diz.
EliminarEssa sua ideia não é apenas melhor, é uma grande ideia!
EliminarMas porque é que não é V. a fazer isso? Ou a ir à procura de quem o tivesse feito?
Se uma comparação entre presidentes lhe "diz pouco" porque não se esforça para saber mais? É que assim, o seu comentário parece um daqueles "bitaites" típicos...
Amigo Teixeira, é que o tal gráfico em si já é um grande bitaite !
ResponderEliminarConsideremos que a maioria desses presidentes já nao podiam se apresentar à re-eleiçao após seu segundo mandato, portanto já nao tinham necessidade de cativar nenhum eleitor com discursos onde disessem o que estes gostam de ouvir. No caso de Hoover, a situaçao durante a grande crise dos anos 20 éra tao grave que nao tinha jeito de compensar a insatisfaço geral do eleitorado durante a depressao. Enquanto a Carter, seu mandato tambem esteve marcado pela crise do oriente médio, onde sua atuaçao nao foi nada brilhante. Pouco brilhante tambem foi Gerald ford, quem esteve menos de tres anos na presidência que herdou de Nixon, a quem concedeu o perdao pelo caso Watergate e que, segundo o NY Times, destrui toda sua credibilidade como presidente.
Enfim, como curiosidade o gráfico serve e seus comentários, como sempre, sao muito pertinentes.
um abraço.