6 de Janeiro de 1943. A demissão de que trata este poste deu-se no Dia de Reis de 1943 mas os acontecimentos que a provocaram tinham tido lugar na Noite de São Silvestre de 1942. Aproveitando-se da época do ano em que ocorriam as mais longas noites no Ártico, os britânicos haviam-se arriscado a enviar um importante comboio naval de reabastecimento para o porto soviético de Murmansk. Porque também eles haviam quebrado alguns códigos dos Aliados, os alemães haviam sabido antecipadamente desse comboio e haviam concentrado uma pequena frota para o interceptar. O combate entre a frota alemã e a frota britânica de protecção do comboio teve lugar em 31 de Dezembro de 1942 em condições atmosféricas terríveis, tal era a tempestade que assolava aquelas latitudes de 73º Norte. Ficou conhecido pela Batalha Naval do Mar de Barents. Houve um equilíbrio nas perdas materiais e humanas dos dois lados, mas foi uma vitória táctica para os Aliados: os 14 navios mercantes e a sua preciosa carga chegaram todos incólumes a portos soviéticos - 200 tanques, mais de outras 2.000 viaturas, 120 aviões (87 de caça e 33 bombardeiros), 20.000 toneladas de combustível, além de quase 50.000 toneladas de muitos outros artigos de que a máquina de guerra soviética estava dependente dos seus aliados ocidentais.
Mais do que o desfecho, ao tomar conhecimento da completa inconsequência da iniciativa da Kriegsmarine, completam-se hoje precisamente 75 anos, Adolf Hitler teve um ataque de fúria, declarando que os grandes navios de guerra alemães eram completamente inúteis, dando ordens para que todos fossem desarmados e destituídos das suas guarnições. A decisão até era muito pertinente, já que esta Frota de Alto-Mar, ao contrário do que acontecera em 1914-1918, era pequena demais para desempenhar qualquer papel estratégico neste outro conflito e limitava-se a imobilizar homens e a consumir recursos. É contra esta decisão e pela defesa da Honra da Kriegsmarine que vamos encontrar o Grande-Almirante Erich Raeder (1876-1960) a ser enxovalhado pela famosa violência verbal de Adolf Hitler. Esmagado, acaba apresentando a sua demissão. Instado a nomear os dois oficiais mais qualificados para lhe suceder, Raeder designa em primeiro lugar o Almirante Rolf Carls (1885-1945), um oficial da marinha clássica, de superfície, e, em segundo lugar, o Almirante Karl Dönitz (1891-1980), o homem dos submarinos (U-Boot). Era o nome que Adolf Hitler queria ouvir. Para grande desgosto de Raeder, é o sucessor escolhido pelo Führer. A transferência formal terá lugar no final desse mês, a 30 de Janeiro de 1943.
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