Álvaro Cunhal bem pode ter dedicado a sua vida a tentar convencer-nos de que não era assim, mas a verdade é que, diante de fotografias como esta acima, torna-se patente que a Rússia pós leninista se mostra um país ainda imerso numa certa barbárie antropológica que quase 75 anos de socialismo científico nunca conseguiram erradicar. Pelo gesto em si, de Vladimir Putin ir tomar banho em água gelada à noite, pelo patrocínio religioso mais toda aquela parafernália em madeira (que, por exemplo, o nosso Marcelo nos seus banhos de mar, por muito católico que seja, dispensa...), mas sobretudo pela - inexplicável, pelos padrões europeus - promoção institucional do gesto, simbolizada pelos holofotes que iluminam a cena. Afinal, trata-se da recuperação do tradicional mergulho da Epifânia. É que, imaginemos que a moda de mostrar este género de coragem pegava no resto da Europa civilizada: ainda haveríamos de ver um dia destes um Mariano Rajoy em perda de popularidade, em traje de luces, armado em diestro, numa plaza de toros... a ter que lidar com um bicho daqueles.
Sem comentários:
Enviar um comentário