Os destaques de capa das duas últimas edições do Público (ontem e hoje) mostram, para além de quaisquer dúvidas, qual o alinhamento do jornal nas eleições internas do PSD. Se a entrevista de ontem a Miguel Relvas ainda se poderia prestar a umas dúvidas remotas (à esquerda), o destaque e as 4 páginas da entrevista a Pedro Santana Lopes da edição de hoje dissipam-nas totalmente. Esta de publicar uma entrevista a um dos candidatos na véspera do dia das eleições é o máximo do apoio que um órgão de informação lhe pode conceder. Cumprisse-se a tradição política dos jornais anglo-saxónicos e o Público obrigar-se-ia a um «outing»: este jornal endossa a candidatura de Pedro Santana Lopes. Seria uma excelente ocasião para que o director David Dinis explicasse as razões da opção assumida pelo jornal que dirige. Até se trata de uma eleição interna, mas eles nos Estados Unidos não endossam também candidatos às primárias partidárias? Mas por cá, a tradição é outra e é estúpida. Perpetua-se a fábula que jornais e jornalistas não se engajam politicamente, embora as suas opiniões e as suas atitudes sejam tão óbvias que normalmente são facilmente conotadas. E porque não são explicadas é que se prestam a todas as especulações. Porque razões inconfessáveis a Sonae está neste caso mais interessada em promover Santana Lopes do que Rui Rio? E David Dinis, ao não se pronunciar em nome da equipa que dirige, estará a deixar o jornal que dirige apoiar Santana Lopes por convicção, ou estará a ser um pau mandado dos patrões? Aqui há dez anos, os seus trabalhos como jornalista mostravam que ele tinha uma opinião bem diferente de Santana Lopes...
Adenda: No mesmo estilo, o Observador também endossa a candidatura de Pedro Santana Lopes. Também publica hoje uma entrevista de Santana Lopes em 20 tweets. Rui Rio deve chatear muita gente...
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