28 junho 2012

A NOTÍCIA E A NÃO NOTÍCIA

Eu gosto de notícias tão instrutivas quanto inesperadas, como esta do cabeçalho acima. Miguel Veiga costumava ser apresentado nos media como uma das figuras históricas do PSD. Era por causa dessa condição de histórico que os mesmos media lhe atribuíam um ascendente intelectual e moral que se traduzia numa projecção inexplicável que era dada às suas opiniões. Sempre me intrigou, mas não será para este caso relevante estabelecer se Miguel Veiga será realmente histórico ou ainda se, sendo-o, esse estatuto mereceria a importância que era conferida àquilo que dizia. Agora ter sido condenado com uma acusação de plágio é bastante mau

E não é apenas por ter existido plágio. É pelo facto do autor do texto plagiado não poder ser considerado um dos pensadores de vanguarda da filosofia ocidental¹. Pior ainda, foi a convocatória do sector intelectual/tripeiro do PSD com Vasco Graça Moura e José Pacheco Pereira acompanhados ainda do omnipresente Professor Marcelo que vieram dar uma conotação política àquilo que não passa de uma fraude intelectual. E claro, na onda de popularidade que o tem acompanhado de Norte a Sul do país, tinha mesmo que calhar a Cavaco Silva ter a sorte de se deixar fotografar recentemente junto ao réu, conforme aparece na revista Caras da semana passada
¹ João Sousa Dias é professor de Filosofia na Escola Artística Soares dos Reis no Porto.

2 comentários:

  1. O termo "histórico" é sempre colado a Veiga, como se fosse um posto ou um grau académico. Explica-se apenas porque foi um dos fundadores do PPD no Porto (então Graça Moura ainda não estava lá). Talvez seja uma das razões que explica o enorme ego do advogado, agora chamuscado por esta sentença.

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  2. Não era só Graça Moura que ainda não estava lá. De entre as outras "testemunhas abonatórias" neste julgamento, também Pacheco Pereira andava por "muito longe", embora não mes esteja a referir a distâncias geográficas...

    Quando às sanções sociais às pessoas "chamuscadas" por causa de acusações comprovadas de plágio, lembro-me sempre daquela senhora - Clara Pinto Correia - que continua a passear-se galhardamente por aí e que tinha a amabilidade de nos traduzir um ou outro artigo da "New Yorker" a que apunha depois o seu nome...

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