Quando se passou mais de um mês depois da morte do cineasta Fernando Lopes (1935-2012), pergunto-me quantos, de entre os (incontáveis) autores dos (incontestáveis) elogios fúnebres que então foram produzidos, terão dispensado algum do seu tempo na mais apropriada homenagem ao defunto, vendo ou revendo alguma(s) das suas obras principais. Propus isso a quem as não conhecia, enviando-lhes a cópia integral de Belarmino que até está disponível no YouTube (também mais abaixo neste poste…), filme que parece continuar a ser considerado como o mais significativo da obra do cineasta.
Porém e pelas reacções, o filme, que continua a ser tão gabado pela sua nova linguagem cinematográfica quanto o foi desde a estreia, parece-me continuar a despertar o mesmo desinteresse entre a audiência do que quando o recordo originalmente há 40 anos atrás, quando ele passou (presumo que pela primeira vez) em televisão, em Outubro de 1972 - durante o fascismo! Mas 38 anos de democracia já deveriam ter sido suficientes para educar o povo em cinema...
Exemplarmente, foi um filme que terá tido significado, mas apenas para uma pequena elite intelectual de uma certa geração. Que, por essas razões sentimentais e acolitada dos seus apaniguados, defenderá a excelência do filme até ao fim. Aliás, não será por acaso que podemos ler nomes como os de Baptista Bastos ou de Manuel Jorge Veloso na sua ficha técnica… Ao fim e ao cabo, trata-se daquele mesmo grupo geracional que se recusa agora a sair de cena ou que continua a achar, por exemplo, que o Maio de 1968 teve consequências profundas na História da França e da Europa…
O cartaz foi retirado daqui com os meus agradecimentos.
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