19 junho 2012

O MARÇANO



Kurtz: – Eles chegaram a dizer-lhe, Willard, porque é que queriam acabar com o meu comando?
Willard: – A minha missão é classificada, meu coronel.
Kurtz: – Deixou de ser classificada, não é verdade? Chegaram a dizer-lhe?
Willard: – Disseram-me que tinha enlouquecido completamente e que os seus métodos se tornaram preversos.
Kurtz: – E os meus métodos são preversos?
Willard: – Sinceramente, meu coronel, não vejo qualquer método.
Kurtz: – Estava à espera de alguém do seu género. De que é que estava à espera? É um assassino?
Willard: – Sou um soldado.
Kurtz: – Não é uma coisa nem outra. É um marçano, enviado por merceeiros para cobrar a conta.

Neste filme, é difícil antipatizar com o dilema de Willard, conhecida a sua missão de assassinar o seu compatriota e camarada Kurtz, mas também é impossível discordar de Kurtz quando este menoriza o seu interlocutor tratando-o displicentemente por marçano (errand boy) ao serviço de interesses que em muito o ultrapassam… É isso que me torna aquela frase cada vez mais recorrente nos dias que correm, todas as vezes que penso em Pedro Passos Coelho…  

2 comentários:

  1. Analogia de efeito absoluto,observação de lucidez cristalina, "consciência possível" a esmagar aos pontos a "consciência real". Muito bom. Abraço

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  2. Abraço, Artur. Obrigado. Caramba, isto contigo há que não temer as palavras!

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